quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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Naquele momento eu sentei, estava tocando exatamente a mesma música que toca agora.
Por algum motivo ou outro, o ônibus tinha quebrado e bem nessa hora o sol começou a se por
na verdade o cheiro de floresta queimada não me incomodava muito,
meus óculos escuros cobriam os raios solares e a imagem se tornava nítida,
não só a imagem do que eu estava vivendo
mas a certeza de tudo que tinha vivido
não lembro se alguma lágrima resolveu escorrer,
mas isso não importa muito.
eu só sei que esse foi o momento
em que todas as imagens e sensações tomaram conta de meu corpo e mente
foi nesse momento que talvez eu tenha entendido pelo menos alguma coisa
ou foi exatamente essa a hora em que procurei não entender coisa alguma.
apenas me levantei, olhei para o sol que já estava quase iluminando outras ideias,
e decidi que seria esse o momento
o momento em que se eu me perguntasse se valeu a pena,
eu ia poder fechar os olhos e ter certeza que sim.



Desejo a você e a mim mesma, que 2009 seja repleto de momentos, que por não serem eternos, serão extremamente prazerosos.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A triste e frustrante história da mostarda greco-romana



Na verdade passei minha infância inteira sem ter como referencia o conceito "interessante".
Até o dia em que eu cresci. Cresci e e me dei conta que passei minha vida preferindo o catchup a mostarda, junto com isso percebi que sempre julguei as pessoas que preferiam mostarda a catchup muito mais interessantes.
Nietzsche, Einstein, Mozart e Goethe são só alguns exemplos.
Talvez com um ato quase que inconsequentemente inconsciente, passei a aderir a mostarda na minha vida. É claro que não abandonei o catchup, afinal, seria covardia demais negar um fator que me acompanhou durante quase toda a minha existência.
Sim, admito que sempre me senti um pouco culpada por gostar de catchup, e que nas festas infantis, enquanto o recreador me servia o cachorro quente e o palhacinho alegria cantava uma canção para a criançada, arriscava um "sem catchup, por favor."
E então saia com o meu cachorro quente sem molho algum, com a tristeza de não ter meu molho vermelho e saboroso, com a frustração de não ser um daqueles que preferiam o molho amarelado e curiosamente picante, mas com a falsa ilusão de ser alguém no mínimo interessante,e isso no sentido mais razoável da palavra.
Pois então vim aqui para alerta-los e somente isso. Pode ser que você me veja com uma mostarda na mão qualquer dia desses e é bom você ter consiencia, que mesmo que ela seja escura, alemã, italiana, greco-romana ou até quem sabe a verdadeira e original mostarda helmans (não, não é só a maionese), por mais que minha expressão seja de imenso prazer e minha conciencia de gigantesca satisfação, pode ter certeza, meu caro e quem sabe "interessante" leitor, eu ainda prefiro o catchup.



Deixo aqui o meu recado a você, seja você uma pessoa interessante e sensata ao ponto de ponto de preferir "o molho dos excêntricos", ou a você, meu caro, que assim como eu, será obrigado a conviver com o frustrante fato de ser sempre aquele careta tradicional que passará a vida optando pelo velho e cansado, catchup.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

penso se penso por pensar



passa de um lado para o outro como extremos disfarces de frustração, desejo e ansiedade.
se diz no direito de criar, e roda para poder começar.
mas sem começo, quando começou?
qual dos primeiros, e os primórdios?
quem criou?

o velho ditado, a suposta pergunta,
quem veio antes,
quem criou quem?

eu ou ele?
e por que ele?

não falo de algo divino,
quem sabe, muitas vezes
assassino.

mas se é essa a questão de existir,
a pergunta é respondida sem responder.

Penso se penso pra pensar ou vivo se penso por viver?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

será que ainda somos aquelas velhas crianças de sempre ou a transformação nos obriga a fingir algo concretamente solto e vazio?

como muda, como passa
como é?
como ser?
transformar
ás vezes tão necessário quanto acreditar,
os sonhos não são mais os mesmos,
não são mais sonhos infantis
são sonhos maduros e repletos de infantilidade.


não são mais lembranças completas e experiências vazias,
são pedaços de algo que tem que ser,
pode ser algo que muda sem transformar
ou algo que se transforma sem mudar


mas nem ligo, no fundo, nem ligo.