sábado, 27 de junho de 2009

Catchup, coca cola e chocolate - Viva la revolucion!

Marx é de grande bom uso quando somos invadidos pelo espírito revolucionário de Che e por ideias igualitárias de uma nação sem classes sociais.
De fato a vontade de mudar o mundo me acompanha dia a dia e jamais pretendo me conformar com a desigualdade social que resulta em fome e condições precárias de vida.

Acontece que esse discurso revolucionário todo mundo já conhece, e por mais que seja muito bonito a ideia de uma menininha querer mudar o mundo, eu lamento em mudar o rumo deste texto em tom utópico para transformá-lo em uma espécie de confissão.
"O que fazer?" Pergunta típica de quem se inicia no processo que inclui a vontade de mudança instantânea do sistema até a necessidade instintiva de agir. Confesso que pensei durante muito tempo sobre isso até chegar a conclusão que a única coisa que posso fazer para expor minha indignação de maneira legal é aproveitar o meu direito de voto.
Como terei de fazer isso de qualquer jeito, e prefiro fazer de forma a votar em um partido com suas características ideológicas e não em uma pessoa com suas características pessoais (como infelizmente a maioria do povo ainda faz), penso que seria de bom tom me filiar a um partido.
Apesar do equilíbrio me acompanhar constantemente, prefiro ceder as ideias radicais de que só com uma revolução se obtém mudança, pois então me filiarei a partido radical! Vamos implantar o socialismo, ninguém mais passará fome, o básico será de todos, as terras serão divididas e o povo terá respeito por ser povo e por ser gente.
A América Latina será unida! Unida e socialista, seremos povo de cultura próxima e alegria de viver o que sonhamos!

Mas o que farão com a Coca-Cola?
Coca essa que me acompanhou com gelo antes de me inspirar a digitar palavras novas?
Tão novas quanto a Coca- Zero que me fazem abaixar a cabeça e pensar:

"Droga, acho que sou capitalista."

quinta-feira, 25 de junho de 2009

minha opinião sobre...


Agora é assim, o cara morre vira anjo.
A tempos não se tinha nenhuma notícia muito interessante sobre o "rei" multicolor do pop, vai ver que ele cansou de balançar crianças na janela ou de sofrer processos judiciais sobre pedofilia e resolveu bater as botas.

Idolatria a parte, é impressionante ouvir comentários do tipo "coitado, tão novo..." ou "teve uma vida tão sofrida, não merecia partir desse jeito".
Pessoas se desesperam, escutam aos montes sucessos lá dos tempos da mamãe e choram de maneira lamentável a morte de um grande ícone da música.

Vamos deixar esse tom blasé de crítica de lado e encarar alguns fatos. Infelizmente milhares de pessoas morrem a cada minuto no mundo inteiro, por fome, epidemias, acidentes ou coisas do género. Injustiças são cometidas, pessoas são conformadas e o espanto tem de vir de uma morte "natural" com direito ao melhor hospital de Los Angeles.

Verdade seja dita. Perdemos um ícone pop.
Nada mais, nada menos.

Que seja bem recebido pelos deuses da música, cof cof, negra.

domingo, 21 de junho de 2009

Entre aspas"

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.


Pablo Neruda.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

no tic tac da questão



Responda rápido, três coisas essenciais para você sobreviver a um dia inteiro;
eu responderia música, comida e amor, ou quem sabe água, livros e amigos, tendo essas supostas três coisas garantidas quem sabe teria um dia feliz e produtivo.
Na certa passar um dia sozinho, sem água e entretenimento não seria algo muito agradável.


Mas até que ponto nos privar daquilo que consideramos essencial para nossa sobrevivência ou bem estar seria uma prova de resistência as nossas limitações?
Você pode até me dizer que se privar de alimentação o deixaria fraco e incapaz de enfrentar algum perigo ou que uma vida sem conhecimento não teria sentido racional para você.
E pode estar certo que eu irei concordar com o auge de minha razão.


Racionalidade a parte, vamos considerar um fator presente em nosso dia a dia desde o dia em que nascemos até o dia em que vamos dar adeus a esse mundo : O tempo.
Com seria viver um dia em plena eternidade?
Seria a loucura capaz de nos proporcionar a ausência de tempo? Ou este é um privilégio que nem os loucos poderiam ter?


Conhecemos a guerra porque já vimos a paz, a alegria porque já choramos um dia, a revolta decorrente da compreensão, e o amor inverso a raiva e aliado ao perdão.
Mas como conhecemos o tempo? Seria então o próprio tempo a prova concreta que já fomos eternos? Ou se isso nunca aconteceu, como podemos perceber o tempo se jamais vivenciamos a ausência dele?


Talvez a eternidade não seja mais um mistério, talvez ela exista bem a frente de nossos olhos e assim como uma máscara sutil denominada "mente" nos permite enxergar fatos muito além de nossa compreensão, ela poderá também nos iludir criando algo que determina a sequência crucial de nossa existência, sim, ele mesmo, o ilustre e principal convidado desta matéria: O tempo.

Termino esse texto com um trecho de um filósofo ligado a igreja católica chamado Santo Agostinho:
"Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá aprender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo?
Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando deles nos falam. O que é por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei. se o quiser explicar a quem me fez a pergunta, já não sei"

domingo, 14 de junho de 2009

-

Será inútil
qualquer verdade sua de roubar minhas vontades
qualquer beleza minha
ou expressa em palavras
qualquer valor que há
e há de ser
qualquer felicidade
de ousar
ou de morrer.
qualquer besteira chula
e expressa por vaidade
e que me menosprezando
vai achando minha tarde
tarde essa que já foi tão passageira
e que passa, vai passando de maneira
que não lembro mais de meus enredos
e não penso mais nos meus desfechos
que outra vez ouvi falar.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Relatório de uma mente perturbada.

Acordo assustada. O sentimento ainda sem nome definido onde o paciente não sabe dizer se sonha ou se vive me invade novamente. Mais calma para controlar o desespero frequente. Ótimo caso para ser avaliado por "mediuns" ou psiquiatras. E de fato já foi.
Vou até a cozinha, menos pelo gosto e mais pela superstição. Superstição por superstição, vai que da certo. Meu pai me disse uma vez pra sempre comer alguma coisa quando acordar caso isso acontecesse novamente.
Ligo para minha mãe. Faltam pouquíssimas páginas para terminar meu caso com Sofia. O mundo de Sofia, obrigado no currículo escolar de meus filhos. Se é que se pode chamar sabedoria de escola. Minha mãe atende e não me escuta. Ligo de novo. Ela abre a porta:
- Mãe é você?
Comprou ração para a Tetê, minha espécie não racional que serve de companhia de vez em quando. Tem que dar comida pro cachorro. Entrei na internet, falei com meu pai. Antes que a resposta viesse ele some. Ou fui eu que sumi?
Toca o telefone:
- Não, não é um sonho. Pode ficar tranquila.
Ficarei. Um cara na janela em frente sentado. A blusa dele é verde e agora ele não está mais lá. Mas esteve o tempo todo. O tempo todo que pensei estar sonhando, ele estava lá.
Não vamos julgar as culpas. Minha mãe não entende nada. Mas eu tento ensinar alguma coisa. Talvez ela já tenha caído na armadilha.
Não caiam! Não caiam na armadilha!
Podemos estar sonhando e sonhar quando vivemos, podemos não existir e criar tudo que vemos. Podemos ser criação, podemos ousar tentação. Podemos ser o que foi ou não ter nada depois.
Pode até ser o que é, e isso me frustra demais. Mas não vamos perder o poder de enxergar além do que se vê, nem perder o medo banal de perguntar ou ver para crer.
Vamos ousar fingir que sabemos, ou ao menos disfarçar a ignorância absoluta.
Antes questionar as verdades existentes do que se conformar com perguntas frequentes.

domingo, 7 de junho de 2009

Ah você sim,
a solidão com você não é tão sozinha
chega a ser até inspiradora.
Ao que remete
aquilo e aquele outro
o que escrevo, o que sinto o que ouço
O que quero, por que espero?
Sem tempo, tão devagar
pra quando ver
não passar
Isso é tão contraditório
sem dúvida alguma,
mais uma tacada!
Acerto em cheio,
trago, sinto cheiro
de olhos abertos
e olhando pro alto,
aqui vai mais um
sem futuro,
sem passado
mas com o presente jogado.
Jogado, de jogar.
Sem meio, sem fim
seu consumo impróprio,
consumido só por mim.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

[...] na esquina dos meus olhos as receitas dos olhares

O que falam esses olhos aflitos, insólitos
que cruzam os caminhos com os meus;
O que dizem os olhares de véus, as revoltas
armadas contra as falas caladas de nós.
Todos nós que não ousamos sequer
trocar uma palavra mantida
por olhares de partida
que só se cruzam por cruzar.