sábado, 30 de janeiro de 2010

Queres tempo? Pois tome! Dou-lhe o tempo que precisa para pensar. Mas quem pensa não tem tempo certo ou pensado. E pra mim, basta saber que se torna indiferente qualquer referencia temporal a respeito de meus devaneios. E são todos bem vindos, dou esperança a quem já foi e como louca me digo que sou, falo também para quem será e conto uns passos e amasso pra quem ainda é.
Tudo que vivi pode ter sido uma palavra, impressiono-me profundamente com o mistério das quatro letras.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cartas ao céu.


Resisto em confessar mas a ardência dos olhos não me permite mentir. O que fazer se o cenário de nosso amor não é o mais adequado, se o tempo foi injusto ou o que digo é dispensável. Me sinto como um verso nunca lido, uma paixão não declarada, uma tristeza não vivida, uma vida não usada. O que fazer se foi-se a época, se as lágrimas me acompanham. Sou um drama não prestável.
E a loucura agora mente, diz que o mundo que a contrói, ela mente. Esse gênero não conhecia, mas a angustia agora nasce, não é angustia é desespero. Vou agir para o mundo inteiro, quem vai se permitir jogar os dardos e errar de alvo, pegar as rédeas e inverter a estrada, construir palavras e desfazer poesia.
Mas nada disso me consola, sou tão simples quando amo.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Auto retrato expirante.

Na minha estrada só existem nuvens, minha viagem dura tão pouco quando o calor. O externo sempre estraga a harmonia das coisas, quem dera embarcar nos sonhos, quem dera que a escrita fosse silenciosa. Qual a percepção? Só o cheiro de terra nova me faz fechar a porta, frustro-me vez ou outra com colocações incertas e só meu eu verdadeiro resiste as inovações.
Admiro-me como os solitários por encontrar no mundo, corpos tão semelhantes quanto meus reflexos. E o que se não o conformismo? Basta uma gaita, terra firme e algum par de nuvens.
Eis o retrato de um corpo só.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Meu alter ego realista.

Me calo da maneira mais covarde, deveria gritar aos céus que meus devaneios são cruéis! Ah, mas quem concederia meu perdão, quem responderia a questão, os frutos do destino brotam e eu sem saída me pergunto em que cartas posso perceber meus mistérios. Sem criações, sem criações, pare agora de criar!
Mas não consigo, deixe-me gritar! Ora, e viver neste mundo é tão fácil assim?
Invejo-te. Com as profundezas de minha alma, invejo-te.
Seria zelo profundo com meu ego, seria constrangedor demais admitir, não sou eu, as palavras não brotam de mim... Então de quem?
Não sei. Não sei e não acredito que um dia saberei. Tenho a mais firme certeza que viveremos plenamente neste paraíso particular que instiga seres humanos a assumirem sua mais fria realidade.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

As duas.

Te amo. Duas palavras tão curtas, sozinhas. Uma dedicada a você, outra dedicada ao todo. Amor não é exclusividade, amor pertence a quem o quer. E a sua imagem tão gasta, seus refrões tão cantados, gestos tão repetidos insistem e me instigam a te amar cada vez mais. Não sei se merece um sentimento bonito, mas de bonito só tem romantismo, amor é um baile, um mito. E quero amar de corpo inteiro, quero tudo de graça com graça; como ópio , segredos. Analiso de forma fria seu comportamento pequeno, reflito e resisto em julgar. Mas jogo com os olhos, de alto a baixo, construo curvas de falhas no ar.
Seu reflexo me instiga a pensar, sua ausência me convoca a amar, envergonho-me de vez ou outra render-me ao poder tentador de ser tentação. E a realidade supõe seu perdão, sou fruto do algo ingénuo, sou amor de forma mais pura e sendo amor sou todo também, sou tudo, só falta o Te. Mas amo. Te amo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O mal que tá no papo

Sei que a juventude anda cansada. Essa falta do que fazer cansa de verdade.
A juventude de hoje sofre de um mal respeitável. A cólera da vez se chama Preguiça.
A juventude tem preguiça de lutar, ir as ruas não muda nada. A juventude tem preguiça de ler, ela quer é passar no vestibular. A juventude tem preguiça de votar, a fila é grande e gasta tempo.
Eu que sou velha demais, pensei que tempo a gente tinha sobrando.
Mas não se preocupem muito, jovens de hoje. Tenho uma solução considerável para apresentar.
Se chama p-e-n-s-a-m-e-n-t-o. É difícil, mas podem acreditar, vocês conseguem.
São apenas duas ações: pensar e questionar.
Pensar não custa nada, é barato. Pensar não perde tempo, você pensa e anda.
Só não dá pra pensar vendo novela ou jogando vídeo game, o cérebro não resiste a tarefas tão pesadas. Essa lenga lenga é pra mostrar que é ano de eleição.
E vou provar que o argumento da moda pode fazer algum sentido.
Se a direita não resolve nem reprime, se a esquerda não é esquerda nem revolta, o ambientalismo tá no papo e no papel e o conformismo nem tá vivo nem no céu.
Vocês dizem que Revolução é utopia, eu respondo que utopia é alienação. Vocês querem comida boa, privilégio e diversão. Eu até posso entender, o mundo não.
Mas vamos deixar de sermos tão imediatistas, se a gente tem direitos é porque miséria pouca é bobagem.Se lutar é muito cansativo, ao menos pensem. Pensem e votem.
Quem sabe juntos não conseguimos acabar com a peste bubonica do século XXI.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

entre a vontade do ser do poeta

Esse sentimento trôpego reflete meu silêncio mais ingénuo, resta de mim uma mistura de alma sólida com corpo frio. Sou esse vento que confunde a melodia e serei tudo que minhas palavras querem, nunca serei nada sem elas. De que basta esse amor todo, se as letras falham junto a tinta artificial da esperança! Essa prece me acompanha, nosso amor subjetivo cansa de representações comuns.
Quero a certeza de me dizer livre e serei toda liberdade quando as algemas sentimentais tomarem a definitiva decisão de me aprisionar dentre a eternidade do amor.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

há o tempo que encontro o tempo

Sei que envelhecerei junto as palavras, e essas que um dia já responderam aos meus anseios sem de mim partir ao menos o respeito de encará-las de frente, olharão para mim com um ar de imortalidade e rindo de maneira parte amigável, parte sarcástica, contarão as velhas mãos que escrevem a uma tecnologia qualquer, que a juventude já foi um de meus desejos. A conversa talvez seja longa, ou quem sabe uma daquelas conversas encenadas em que o assassino convence sua vítima de que sua morte é parcialmente necessária. Sei que ao envelhecer, o meu encontro com o tempo será fatal, não por desfazer a beleza ou por construir a saudade, apenas por ser um daqueles momentos em que o nosso corpo respira de leve para não assustar os sentidos, e sentido meu medo exclusivo abandonarei este mundo com a certeza de uma presença sutil e irreparável. Dele levei minhas marcas e nele deixarei minhas palavras.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Já é Setembro e o clima é diferente por se passar de forma lúcida, eu que me julgava sóbria, não sabia que a embriaguez da existência seria tão avassaladora. Pertenço a um mundo complexo e dele me julgo fruto completo, o que digo é tão simples no olhar mas meus reflexos são discretos no que dizem. O que passa em meus sentidos não tem nome, nem motivo para ser ou disfarçar, sou o sol que incendeia minhas noites sou ferrugem que estraga sem matar.