quinta-feira, 23 de setembro de 2010


A questão era simples, há um retrato idêntico a ela. Mas considerando tempo suficientemente retrógrado para reconhece-la e coencidencia insistentemente disponível para encontrá-la aqui, neste vilarejo sem permissão ou ousadia, jamais entenderei como sua figura construída com pincéis e tintas desconhecidas, veio sucumbir meio ao meu destino.
Veja eu, o que as surpresas não fazem, abro mão do meu ceticismo para falar em destino. Num relance qualquer interrompo com brutalidade a refeição do mal amado e pergunto:
- Quanto custa esse, com a moça de olhos castanhos?
- Esse daí baixou o preço, o senhor me oferece o que tiver.
Saquei algumas moedas do bolso e parti, sem saber a razão ou o notório motivo de nosso reencontro.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nesse jogo de palavras tão comuns,
não serei dramaturgo pra ensaiar meus olhares.
E num desvio talvez me denuncie,
confesse que me assusto
ao saber que um dia,
uma hora será lembrança.
E terei que ser poeta pra ver na história
uma saudade.
Poderia parar
que mesmo por aqui
seria belo.
Pois não o farei,
me rendo aos versos
mas me entrego a essa obsessão fatal
que costumam chamar loucura.

sábado, 11 de setembro de 2010

seu olhar


Dispenso seus traços , me entrego aos meus embaraços e devoro o momento tão incerto.
Os gestos, meus tratos,
entrego as vontades repletas.

Repleto,
repito

meu mundo,

minha sina.
Canção tão calma,

dispara
as veias,
artérias

e mil corações que não sabia que tinha.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

vastidão, vastidão



Despertei na escuridão. Não havia uma luz sequer.
Vaguei pelo vazio negro e na procura de anjos ou divindades,
não encontrei ninguém.
Numa auto-perseguição me deparei com eles.
Eram tantos, dispersos e inversos do que fui,
se encaixavam perfeitamente a mim.
E eu pensei que haveria medo!
Pobre de mim, nem um medo encontrei.
Havia o bem, havia o mal
a desilusão
o amor também.
E num reflexo preguiçoso do tempo,
acendi a luz
com a voz tão vasta,
de tombriedade exausta,
exclamei:
- adeus pensamentos!
vagarei sozinha na imensidão de mim mesma.