domingo, 31 de julho de 2011

Coisa

Não sei, mas creio que esta noite queira dizer algo pra mim.



Talvez, para manter-me desperta,



acordei com o tempo me chamando.



As coisas olhavam para mim



e eu olhava para as coisas.



As coisas diziam-se coisas



mas afirmando-me



que eu também o era!



Ei, não queira brincar comigo



tanto assim!



Não é tão fácil



ser criação que cria.

sábado, 30 de julho de 2011

Sentido

Não parece que foi ontem,
mas parece que faz menos tempo do que realmente faz.
Foi quando, perdida naquele lugar infinitamente não-estético
e divagando em meu romantismo, você percebeu
um vício qualquer dentro de mim.
Me alertou inocentemente de todos os riscos
que eu iria transbordar de prazer em enfrentá-los.
Disso você sabia, e até via em meus olhos
por isso negou, nem de longe admirava
essa vida de quem ama pela estrada
Ah, mas pensamos tantas coisas erradas também
me desculpe, se para você
não levou a nada.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Céu

Tantos dias nunca vão bastar
perdoe-me se enxergo assim,
tudo como um filme.
Sou só reflexo de todos os
sonhos que sonhei
verdade, é só maldade
deixar acreditar.
Mas em um pulo
vou pra outro mundo
que por insistência
bela, teimosa
e infantil
se faz realizar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O grupo



E eu lá de fora assistindo tudo,



o grupo, sentado



divagando sobre minha vontade



poder e questões.



Se pudesse, os alcançaria



mas meu autor é possessivo



e não me deixa voar tão longe.



Sei, ser só mistério



não há porque chorar



irei tratá-los bem



com amor e ninguém irá sofrer demais



criem dúvidas, isso é bom!



Mas faz lembrar que



não sou tão criador assim.

Por que?

Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?

terça-feira, 26 de julho de 2011

Não demoraria para olhar de um em um
em cada olho um sonho
que já inventei
em cada beijo, se sonhei ou se beijei
uma vontade de gritar.
Sei que não haverá
o mais bonito
porque em cada sorriso
existe a minha história
verdade não há
só suspiros
algumas lágrimas,
mas não tantas para construir o mar.

Tudo

Não bastam todos esses segundos
que correm atrás de mim
atrás de glória e imundos
Respeito terei pelo o que?
Todas conversas, respostas
não me incriminam mais
o amor que tenho
pode ser saudade, e assim
quem dirá maldade
terminar um amor que foi
só desejo de propriedade,
Nunca há pelo que sorrir
e se há, o tempo mata
esse assassino impiedoso
que chega por trás, nervoso
tira de tripas o que ainda há em mim
o céu é tão grandioso
deve ter espaço para mais um corpo.

Aeroplano

Estou voando
em um céu de romãs
todas pintadas de azul
para enganar minha idade.
Mas veja bem,
não é só maldade
o que a vida traz pra mim
Quero inventar outros universos
e mergulhar no fogo de outras dimensões
veja, ali caiu um anjo
ele me olha de lado
e ainda sorri pra mim
me diz que não preciso de proteção
e que o amor ainda sabe cuidar bem de mim.
São só dezoito.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

eu também

Fico nessa dúvida crua
e cruel, entre destruir
o mundo ou reduzir a mim
mesma, e com isso
fazer apagar o que há de lágrimas
surpresas que me ferem
sempre por ferir, por prazer
por assistir em plateia um sofrimento
tão genuíno, essas lágrimas
já tem fonte certa
são meus olhos

sábado, 23 de julho de 2011

Pulso



Vamos passo a passo



que o mundo treme, mas não acaba



é tanta receita de satisfação



mas eu só preciso de um olhar



assim, doce e sincero



que me mostre por onde andar.



Sei, são apenas suspiros



vestígios de preocupação



é tão natural, mas ainda acho



levemente estranho



sentir pulsar o coração.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Espelho

Não foi com a habitual intimidade,
que encarei o espelho daquela vez.
Sentia que queria me dizer algo,
e com a frustração de não poder usar palavras
se apossou ferozmente de meu olhar.
Foi com certo susto que tentei
entender o que acontecia
sozinha, mas nem tanto
quanto devia, busquei rapidamente
dentro de mim, uma resposta
simples para acontecimento
tão repentino. Para não dizer que
estava de todo mal acompanhada
a noite caia discreta ao meu lado.
Esse momento sublime, entre
a noite e o entardecer, gerou um
vento grato, que traduzia o momento
em mim.
Acontecimentos agiam como
confirmações de que algo
não se mantinha igual
ao que fora.
Não tinha pretensão o suficiente
para me dizer uma mulher.
Mas naquele momento, não restaram dúvidas
havia deixado
de ser uma criança.

domingo, 17 de julho de 2011

Não

Quero truque pra dormir de noite
porque seja simples assim,
e depois de horas
a noite ainda sorri pra mim.
Quero trégua só por opção
porque adrenalina pura
eu injeto no pulmão.
Organismo sério que comanda o mundo
diga-me porque anda tão imundo
e o que turva nossa visão!
Sei, não é só maldade
qual o travessão
que antecipa a fala
que antecede a questão.
Pararei, antes que me julguem
fatalista
antes de respirar escravidão.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Amarelinha,

Não faz tanto tempo para aqueles que já viveram muito,
mas lembro perfeitamente da sensação de entrar naquela livraria.
Sensação é pouco, lembro do cheiro, das luzes, das cores.
Talvez em uma espécie de castidade literária, fosse só aquela
que eu visitava. O dono, percebendo o fascínio em meu olhar,
falava compactuando com minha sina:
"olha lá, chegou a tracinha!"
E não sem razão, devorava todos os livros com os olhos
para poder corrigir a injustiça de só poder sair de lá com um.
Eram tantos, me apaixonei perdidamente pelas letras e
pela arte. Conheci Picasso, Chagall, Michelangelo. Não é por acaso,
os carrego comigo até hoje, talvez de maneira não tão sincera como
o faria uma criança.
Sei que os primeiros são irreparáveis, primeiros beijos, primeiros
passos. Qualquer que sejam seus traços, trágicos, cômicos ou
românticos, estarão pra sempre marcados em nossa história.
E não é por menos, dados os passos que a vida levou, que
lembrarei pra sempre da minha primeira livraria.

domingo, 10 de julho de 2011

Elétrico


Vamos despertar!
A consciência está chamando

esse sonho é tão bonito

que mal penso em acordar.

Rápido, antes que tudo corra

essa dança repete todos os fenômenos

não é estranho,

ou tudo mudou de tamanho?

Somos reflexo, somos o inverso

vejam as estrelas lá em cima

não estão tão longe assim

Ei, não há porque chorar

se sua lágrima é chuva

e se nos move, há de molhar.

Sei, não existe caminho
que não chega

então pare,
deixe de lutar diante do espelho

sorria

o mundo não criou você primeiro.

sábado, 9 de julho de 2011

Pré-domínio

Ah, essa transição involuntária
difícil dizer o que é vontade
e o que é verdade.
Não basta acompanhar a noite,
ser segredo de estado
estando assim, tão mal acostumado.
Saberei que não é o inverso
tudo assim tão concreto
que o desejo é de gritar.
Nesse pulo, de dia em dia
bar em bar
há um qualquer vestígio de alegria
que como embriaguez fugaz
de uma proposta incontestável
se faz predominar.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

o ônibus amarelo



Me seguro, suspendo



para não fazer do sonho



um qualquer arrependimento.



Mas você, se não sabe



gostaria de saber



que não seria difícil



desfazer todos os outros



excluir vestígios e armários



e em um passe de mágica



fazer do tremor uma pequena bruxaria!



Sei, sou só alegria



essa transcendência começa em mim



antes de muito tarde



mas me jure, me aguarde



o tempo não vai



me maltratar tanto assim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nós

Sei que você não entende o tempo
mas espere só mais um segundo
e perceba que ainda restam alguns dias
Seu retrato é só amor
e suas lágrimas descem de alegria
as músicas não hesitam, são todas
recente lembrança
eternas amigas.
Porque sorrir é ligação rápida
esfera simples
une homens e deuses
somos só humanos
o que há de divino?
Transcendemos os deuses, ora essa
ou não fomos nós
que aprendemos a amar?

terça-feira, 5 de julho de 2011

casa




A lua me observa




e fazendo de mim




uma simples, mera serva




derrama a última lágrima




de um filme de amor.




Mas comigo não há problema algum




apareçam os bêbados, amados, perdidos




amarei a todos




com o coração que nasceu junto a mim!




Porque sou amor de corpo inteiro




cabe a você me amar,




derreter o gelo




que só congela




por não ter o que queimar.




segunda-feira, 4 de julho de 2011

ponta

Sei ser noite, como não
meu universo se abre em uma ponta
em cada quarto um amor aprisionado
eu sozinha, você e o mundo me perseguem
Vou voar, e por que não?
Fez-se o céu não foi pra isso?
Vou criar, foi assim
o porque da imaginação
mas penso, discuto
e até transcendo
mas não entendo
porque criaram o coração...
Sei ver o tamanho
e desesperar a razão
escrever até o sol se espreguiçar
e dormir até a noite cair
Mas não sei
e nunca saberei
por que então
que afinal criaram o coração?

domingo, 3 de julho de 2011

côncavo, imenso

Voa alto,
como um balão.
Foi-se em dois passos
a medida dos céus em sabonetes
Coloca-te grande como os desejos
e enfermo como um desamor
Sei, sou apenas resposta
escrava das musas
diversão para os fracos.
Sei, foi-se o tempo dos tempos
o susto da madrugada
a solidão, não sei mais nada.
Essa noite envia pedaços
vá, envaidece assim um ego fraco
e te coloco de quatro entre as paredes
brancas, de uma folha de papel.