segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sujeito


Eis que em seu corpo,
hei de deitar

e com leveza, estranha

que não sei onde encontrar

construirei um castelo de retratos.
Pois há um novo,
uma vida
em cada amor
e em cada partida.

Será esse
o fascínio de quem ama

não haver motivo

sem tristeza

entristecendo-se

sem alegria

alegrando-se

sem viver

sendo.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fera

em mim há uma fera
devoradora de palavras
que se alimenta
de tudo que se proíbe
é um retrato, uma ausência!
troca de olhar comigo
vamos danças esse blues
acelera, um pouco mais
pra trás, conquiste-me! deteste-me!
fera, feroz
consuma-me!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Plateia


Por que não largar o mundo pro alto
e me descobrir por alguns instantes

Sei, a tonalidade é fria

a noite insiste

e o som me compreende.
Prende, leve consigo
esse
disfarce antigo
tão fatal e desbotado.

Vou ficar aqui esperando resposta

enquanto isso, tranquila

exposta

a lua se esconde atrás da cortina

enquanto me reitero, desatina

a questão não é
simplificar.

sábado, 20 de agosto de 2011

um dois!

Mas que droga!
Eu leio e releio as palavras
achando que de bonitas
foram últimas.
E lembro e relembro os momentos
achando que de únicos foram poucos.
E tento mas eu tento dar risada
mas choro e não entendo a piada.
Pois escrevo pra curar o desespero
e o tempo ri pra mim
lá do espelho.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sol

Quero voar
no céu azul da consciência
e esquecer do tempo como criança
Lembrar de música que evapore
junto ao vento
essa maresia, que me esconda
junto aos deuses!
Libertarei minhas asas
para poder brincar de lembrança
essa coisa estranha,
que brincam os adultos, esperança
Mas quer saber!
Vou entrar em um solo de guitarra
e por lá viver.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Suspiro

Então eu faço um trato
e me viro de costas para me divertir
com outros olhares. Suspiro só
de pensar que esqueci.
Aí resta entregar a alma à noite
e brincar de ser eternamente livre
basta trocar toda trilha sonora
e deixar de ver os mesmos filmes.
Não será difícil fechar os olhos
para palavras e fotos
ou buscar em outros colos
tantos amores.
Fica até fácil inventar outra melodia
e lutar, trapaceando com a própria vontade.
Mas se em um segundo qualquer de insanidade,
meu alter ego com segundas intenções
lhe faz tropeçar em meu caminho
tão sujo com trapos e cinzas juvenis,
tento abaixar os olhos devagar
mas a nossa história
é mal tratada,
insistente
e faz você voltar.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Acendi uma vela
mas tudo está tão escuro
aqui dentro
que mal sei dizer
se está repleto ou deserto.

Sei que há uma cortina, vermelha

imponente, que deixa alguém
notar algo por trás,
se faz pulsar.

Não tenha medo,
não irei
fazer de minhas descobertas
tratados, nem seus desejos usados.
Juro não rasgar
loucuras
nem apaziguar invenções.
Acredito no que vejo
só peço que acenda um pouco a luz.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

...

Ás vezes penso que é estranho pensar em você
sem uma vontade qualquer de chorar
e passar por onde já passamos
sem me convencer que devo acabar
com tudo que pensei até outro dia
e então os discos do Chico, pobre Chico!
Viraram tabu para o meu coração.
Penso também se não derreteria
em saudades, e se não deixaria
todo meu orgulho pra trás
se esbarrasse novamente com sua voz
que pra mim era pesadelo e inspiração.
Sei, que o que a história me ensina
ser possível e fatal
não é o ontem
é o nunca mais.

Eu, nós, vós, eles

Somos todas a escória da criação
somos audaciosos, invejosos, imitamos o outro
por não ter coragem de criar.
Somos todos covardes, insensíveis,
mal amados, despresíveis
Somos o lixo que a criação desprezou
somo o inverso, aquilo tudo que detesto
Não há excesso! Somos todos podres
de concepção.
Me dá nauseas olhar para vocês
deixem de existir, ao menos uma vez!
Que medo tenho eu da humanidade.
Gabam-se, por ser homens de verdade.
E como são.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

tic,tic,tic...

Veja, passou mais um
agora faltam só três
Pararei. Ficarei absurdamente parada,
imóvel.
E ele continuará a andar.
Veja, andou de novo!
Agora já deixei de pensar o que pensava.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Prece

Porque vou acabar balançando
em instantes mágicos
e dar por acreditar que tudo é magia!
Seria essa dor pulsante
que invade minha cabeça
e vai embora sem deixar embriaguez
ou nitidez.
Ou a resposta das árvores,
fazendo amor com o silêncio
resultando em um barulho discreto do vento.
Falarei baixo,
para não acordar as poesias
elas dormem em um sono,
fica perto do mundo
e longe da vida.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

meu


Vai passando tão passo a passo
que as palavras são minhas verdades,
meus embaraços.
Seria uma cigana, essa minha lembrança
que tenta em vão (ou não)
confessar o futuro para o eu que já morreu.
Mas não está morto! Morreu por ontem
hoje já é outro de novo, cheio de esperança
andando devagar, olhando as flores se debruçarem
em olhares de quem acabou de acordar.
Ah, essa infinitude de vontades
nada parece tão cruel
quando o sonho se mostra
ingênuamente além.
Não se preocupe, pois dias desses
viraremos pássaros
e o tempo nunca atrapalha
quem consegue
enfim,
voar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Luzes

Vou pensar, repensar e te olhar mais uma vez
jogar em cima
toda raiva e respiração ofegante
que me propõe sua inocência.
Descobrir e te encontrar em um lugar qualquer
onde os olhares te encontram para que eu possa
me esconder.
Suas queixas são tão simples
quanto o medo infantil que você nega
o medo de deixar tudo escuro
o medo de se entregar ao silêncio
e descobrir em mim
algo assim
que você nega de passagem,
mas que por vontade
sempre quis encontrar.