segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Noutra

É noite tudo que esquece o tempo
e não se cala
tudo que não traduz
mas que embala.
Noite que não depende
do ontem, do tudo
de nada
Noite que resplandece, se vive
embriaga
Note que noite passa
mas gritante, discreta
noite se tem de graça
Mas o que é noite
distante, que não passa
hoje aqui é noite
mas é noite
quase nada.

sábado, 28 de janeiro de 2012

agora
instante em que tantas águas correm
e onde chove pode ser dia
onde a lua cresce, brilha
agora
onde o instante ainda canta
onde dorme uma criança
e a flauta é doce por tocar
agora
onde a mágica ainda existe
e o vento toca quem não resiste
ao momento dedicar
agora, só agora
que cambaleia
e hesita em passar

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Conexão

Silencia agora todo o mundo
que eu quero sorrir sem pressa
vou divulgar também meus pecados
que pra minha zanga
nem foram tantos.
Mas olha o sinal
que nem tá fechado
nem aberto, sai lá
mas andando de costas
e olhando pros lados
procuro um achado
que não se escondeu.
Foi agora sem rima
nem musica
nada
mas o meu traço
ainda embaçado
faz pose de bravo
e é tão descarado
que cruza com seu.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Crença

Porque chora o som feito criança
e angustiante soa mal feito
disfarçando errado o que já foi sem jeito.
Tanto tempo,
e o que sobrou
tanta vontade
e o que sobrou.
O bater de asas resplandecente
de uma borboleta bonita
que desconhece o fim
ou o julgar estranho
do culpado e do crente
que reconhecem-se em si
sem admitir-se.
Mas reconhece-se o dia
e as palavras
e todas as cores
e as verdades
e os rumores
e as maldades.
No que creio eu?

sábado, 21 de janeiro de 2012

Estreito


Finge agora que sou disfarce
e faço frio um coração amargo
mas me diz por hora que sou também
um Rei. E rezo de costas que é pra não
santificar.
Esquece o tempo e me faça amigo
mas tão repleto que já esqueço.
Faça prosa pra me ver poesia
ouse o estranho
pra eu ser ser direito
veja o verde
pra nascer descalço
tente a vida
pra me ter no leito.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Diário didatico

Ausente de tempo e de espaço.
Porque a ideia era esquecer não de si mesmo, mas de si perante o outro.
"E ninguém precisa saber, se não vão me chamar de hippie, dizer que o tempo já passou, e que depois de velho não se faz mais essas coisas."
Disse que foi pra Nova York resolver alguns problemas, assunto sério e situação não tão cotidiana. "Que coisa chique, doutor. Vê se traz um daqueles cremes de madame pra mim." Falou a moça que trabalhava no escritório, uma das poucas que o julgava algo imponente.
O por que, sabia-se lá porque. Estava cansado de barulhos repetitivos, gostava das pessoas, mas os barulhos repetitivos o enlouqueciam. Tic, tac, tic, tac, tic, tac. Não haveria relógio na casa. Alguns livros, talvez. Ia ver o que tinha na estante.
Não precisava ser frio demais, mas o suficiente para não querer sair. E nem cinza demais, o suficiente para não confundir o olhar.
Talvez um wiskhy, resolveu colocar um blues pra ver se a tristeza tinha nome. E não tinha. Nem era tristeza. Era apenas uma instantânea repulsa à barulhos repetitivos. Mas tomou wiskhy mesmo assim, e ouviu blues mesmo assim. Cruzou duas pernas, uma harmoniosamente em cima da outra, dividindo o mesmo espaço na mesa recém comprada.
"Hippie, eu". Pensou rindo sozinho. "É provavel que alguém, em algum lugar impossível ou distante, me admire agora."
Estava começando a aproveitar a própria presença e ascendeu um cigarro. Um cigarro, não. Um charuto, porque a data merecia. E que dia é hoje? Mal sabia, pode ser até que escureceu.
Um passo passa, passam horas esquecidas, quanto tempo
quanto tempo
mas não há mais relógio. Tic, tac, tic, tac.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

suspeita

Pra onde levará essa estrada
quando os olhos ainda úmidos se apagam
e de garganta seca
coração abafado
surge o talvez
o que não foi escutado.
Surgem também os "por ques"
aqueles insistentes, revoltados
aqueles que não sabem dizer
se tudo vale
ou mais nada.
Ideias que esperneiam
de grito e vontade
ideias que calam o sujeito
e toda a frase.
Um alguma coisa que não se encaixa
um respiro transpirado
uma volta que nunca chega
um algo estranho
uma saudade.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ai, tempo
tempo tempo que nao descansa
nem trabalha
nem contra ao vento
tempo tempo que faz distancia
nem aprende, nem estanca
suspiro, paro
num passatempo
mas eh tarde, passou dezembro
tempo dia que me confunde
noite que solta
e me engana.
Sol de tempo, nao eh mais quente
longe, tempo
que vai contente

domingo, 8 de janeiro de 2012

7 coisas que você precisa saber sobre mim.

Antes de mais nada, quero dizer que não são necessariamente sete. Podem ser três, podem ser oito. Falei sete porque soou bonito, inusitado, harmônico. Mas pouco me importa o sete, pouco me importam os números. Eles só fariam sentido se soubessem dançar.
Amo gatos, odeio pombos e não tenho mais saco para cães. Não tenho mais saco para pessoas-cachorros também, parece curioso, mas acabei de pensar. Minha relação com os animais, coincide com os seres humanos. Gosto de pessoas-gatos. Pessoas-pombos são abomináveis, atravessaria a rua, o deserto, o inferno para ficar longe delas. Pessoas-cachorros são bacanas, amigáveis, vão bem com todo mundo, latem (ás vezes excessivamente) para mostrar presença e são carentes, não obviamente amáveis, como aparentam ser. Pessoas-gatos são fieis aos próprios segredos e quando amam, amam o que há de inusitado no outro, e não rejeitam aquilo do que os outros fugiriam. Pessoas-gatos enroscam, espreguiçam e miam. Um mio bom de escutar.
Gosto de ficar sozinha, gosto de gostar mesmo. Não confunda com conformismo, é gosto. E necessidade. Extremamente importante saber que quando disser "vou escrever", é necessário solidão absurda e absoluta, dure o tempo que durar, mas costuma ser rápido. Logo, saia da frente e faça silêncio. Depois voltarei ao normal.
Sou libra com ascendente em sagitário, minha lua é em leão. Sendo crua é equilíbrio, sexo e vaidade. Sendo justa, é quase nada. É necessário respeitar minha indecisão, e quando for solicitado, escolha por mim. Não me faça implorar.
Eu cozinho bem e detesto que mandem em mim. Ou deixem a comida esfriar. Não precisa me elogiar todo o tempo, posso confundir com obsessão e sair correndo. Mas me olhe com algum amor e faça as considerações que pareçam ser justas de serem feitas.
Ás vezes quero conquistar o mundo, ás vezes quero pedir uma pizza e terminar de ler um livro. Sou apaixonada pelo Rock in Roll mas minha essência é o Blues. Não sei dançar em par. Nem nadar. Nem andar de bicicleta.
Acho inteligência fascinante, mas desprezo o acumulo de informação ou papos insistentementes intelectuais. Pensar transcende e me assusta. Existir mais ainda.
Amo a liberdade, anseio a igualdade e não quero mais discutir política. Foi-se.

sábado, 7 de janeiro de 2012

O espaço

Ah, mas o tempo bastaria, como não
sem cavalgações temporais
o tempo dizia-se casto, e basto.
Mas o que haverá de descobrir
numa nota que esconde-se em preto e branco
e que no balanço da partida
faz chorar.
Ah, mas bastaria o tempo, quem dirá
e todas as peles que já encontraram flores
sem machucar seus cabelos
ou amores
buscariam desacatos de contradição
o esquecer-te ontem, sem mal contar
e lembrar-te hoje, por não calar
E.
Ah, mas bastaria o ontem, o hoje
contentaria o mundo, o segundo
a ardência, e a insistência
e todos os clamores
e olhos, e vergonhas
e tremores.
Ah, mas bastaria o tempo.
Há de bastar.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Casulo

Uma inquietação que não tá no peito
e não tem mais jeito
de desinquetar
Pouco dia foi suspeito
e já é estreito
não está mais lá.
Imensidão que reduz à válvula
e tantos matam, tantos acham
que sabe-se lá ou cá.
Geraria um poder supremo
que contraria contrato e
esmaga estatística

mas rodo, gira o tudo
sem parar
gira gira
não para de

Ele

Porque as luzes da cidade se apagavam muito cedo
e ele acostumado dizia não ligar
ele resmungava, declarava não ter medo
homem justo, do tipo que não tem chance de errar.
Então construiu um castelo, para a filha e a sogra se hospedar
elas diziam ser errado, terra dele que não era aquele lugar
mas ele insistia não ter nada, daqui a pouco vira nossa, logo já.
Aí veio o moço tão barbudo
e as lojas não saiam do lugar
o doutor era rico e sabido e entrou de ré
que era pra não incomodar.
Depois do sol veio junto outra notícia
porque as luzes da cidade se apagavam muito cedo
mas ele tava era mesmo acostumado
e dizia,
insistia não ligar.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

sangue.

Então esquece-se que aquilo não esqueceu-se
só quis esquecer
e num reflexo
disfarça não fingir entender
que tudo foi apenas um grande sonho
de histórias erradas
e mãos entrelaçadas.
Pois todos os sorrisos
estão agora vivos
ou um dia se escondeu
toda a vontade que dizia querer
e se contradizia
por esperar dizer.
Em uma estrada de convicções
há de se convir
que um dia
só um dia.
Mas de todos os retratos
sobrará uma lição
essa que é longa
e bonita
e pra todo o pra sempre
bombeará o coração.