domingo, 31 de março de 2013

Rosas

Digna e imensa
essa atmosfera de vida
que me sustenta
desse todo pulsante
que vibra
concentro-me sendo um coração errante
por não desistir dos caminhos
encorporar meus destinos
e ritmado, desconcertado e desacelerado
observar passos antigos e já passados.
Sei que há um mundo no tempo
esse que me acolhe e sustenta
passeando no espaço que me é dado
agradeço rosas e espinhos que circundam meu caminho
por ser assim, tão dependente
como a arma da flor que a suspende.
São elas, minhas palavras
flores regadas com versos
defendem-se, é claro
ora essa
mas vivem para perfumar vidas alheias
que vezes montam buques
amados e perfumados
outras sequer sentem cheiro, cor ou tato.
Hoje, de olhos fechados
percebo o pulso repleto
pulsante
errante, 
constante
que ainda persistente e florido
tem a bonita certeza
de não haver caminho certo

o certo é sempre caminhar.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Caminho


Posso ver daqui o movimento das nuvens
Que apago com a ponta do travesseiro
Travesseiro que acolhe gotas e pensamentos
Discretos e violentos
Suporta a matéria dos sonhos
Que engolem minhas vontades e as criam
Asas, vôo num suspiro
Posso ver em velhos olhos
Que habitam novo corpo
Posso ouvir num clássico do blues
Minha garganta gasta e aprisionada
Que fala tudo tudo que quer
Expõe tudo tudo que pensa
Mas no mar dos sentimentos
Contenta-se digna e imensa
No silêncio dos passos e da poesia
Na chuva, choro das nuvens
No balanço do palco e do mundo
Que acolhe
Que suporta
Morde, estica e grita
Mas não falha
Do outro lado da calçada
 Ainda avisto meu semblante
Dançando leve
e sozinho.

terça-feira, 5 de março de 2013

Estadia

Assim habitado
(ora) por passageiros
programados, que com suas malas pesadas
fincam moradia eterna
numa casa nunca antes
habitada,
[sendo assim lembrados e reservado
um quarto, um terço
um pedaço dessa morada imensa
que pulsa, grita, atropela]
Ora visitado por viajantes
aventureiros, que em busca de pulso
constante
invadem um habitar errante
sem ter ao certo onde chegar
E quando assim, meio desprevenida
atropelam-me
visitas
que buscam qualquer lugar.
Piratas exploradores de tesouros
que ao encontrarem seu ouro
 se despedem sem nem notar.
Ou, certamente, príncipes notórios
andarilhos serenos
ciganos cambaleantes
sujeitos pequenos
Para todos já houve espaço
e delirante, ainda guardo um pedaço
pra quando esse coração-albergue
entregue os pontos, as passagens, as vontades
e vire morada fixa.