domingo, 29 de setembro de 2013

Certeza

Tudo parece longe
As mãos que dissertam a vida
Disseram enfim, colorida
Montagem artificial da alma
Discurso incompleto do ator
Aquele que incorpora todos os dias
O mesmo papel
De levantar da cama
E pisar na lama
E desmontar o lixo
E viver pra si
Mas o verdadeiro clown da vida
É aquele que sorri em partidas
Decompõem em pedaços suas próprias vontades
E balança junto ao saltimbanco embriagado
Basta para todas as vontades!
Daqui em diante
Seremos sós
Nós e alma
Um copo de vinho

E mais nada.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Céu

Vou acender uma vela
Pra pedir aos céus que deem jeito
Em meu coração de poeta
Pois ao deparar-me com qualquer folha
Desprevenida em sua brancura
Desconto todo amor e amargura
Que ainda reside a mim.
Sou assim como o ar
Um vento passageiro nunca se repete
E voo tanto que até meu coração se perde
Em um milhão de considerações repentinas
Ah, sou repetida em minhas mentiras
Mas tão original em invenções coloridas
Que voam mais alto do que o ar
Poderia fugir para o mundo que me acolhe
Mas abrigo alma nas palavras
Desconto corpo em palcos
E suspiro
Suspiro
Insisto tanto no amor
Assim como utópicos
Anarquistas
Revolucionários
Vou guerrear com minha razão
Desconstruir um céu inteiro
E ainda assim
Declaro de antemão

O mundo

É dos que namoram as estrelas.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Primaveras

Eu vejo todo esse mundo olhando pra mim
Como quem olha pra uma flor que desabrocha ou para uma planta que nasce
E pergunto quem foi que plantou esse jardim
Esse que hoje persiste em mim
E não sei mais o que faço com tantos sorrisos
E olhares que me engolem em seus rios
E suspiros que não me buscam nem mastigam
Então desprendo-me de mim mesma
Numa dança cósmica que me leva
Aonde vou chegar, parece tão irrelevante
Posto que hoje sou
Posto que hoje grito
Posto que hoje danço
E invento histórias
E balanço
Posto que hoje ainda me admiro com flores
E acredito nos anjos das crianças
Que sussurram seus pedidos antes de dormir
E essa primavera tão repleta vem chegando
Saga de tantos amores e poetas
E eu, aqui, sem amor e sem poeta
E com tantos amores e poetas
Sequer descubro minha flor predileta
Mas ainda danço
E invento  histórias
E por incrível que se mostre, balanço em balanços impróprios
(pois os seguranças dos parques não conhecem minha criança
enxergam uma pessoa grande, coitados!)
E ainda vibro com tantas coisas
Que ainda me ponho viva
E essa primavera assopra sempre mais uma vela
E velas tornam-se velhas primaveras
Primas, amigas
Primeira de tantas, devo a elas
Mais uma
Outras muitas

Primaveras.