sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O vestido e a filosofia



Sobre como um vestido branco e dourado (sim!) pode nos ajudar a entender o mundo.

Antes tarde do que nunca. Quem diria que algo tão simples como um vestido pudesse nos fazer compreender melhor o porquê de tanto desentendimento da humanidade. Eu acordei, e como muitas outras pessoas, me deparei com a tal polêmica. Abri a foto e vi nada mais nada menos do que um vestido branco e dourado. Chamei minha mãe e pasmem, ela o via preto e azul.
Pois bem, poderia ser apenas mais uma ilusão de ótica se não fosse o tremendo caos e loucura que causou. Talvez, o que mais intriga as pessoas, seja o fato de enxergamos a mesma coisa de maneiras diferentes. Só agora?
O mais interessante, é que por mais que se jure que o vestido é da cor oposta, a gente continua vendo da cor que viu antes. Algumas outras pessoas, talvez mais flexíveis, vêem de um jeito e depois de outro.
Bom, não há muito paradoxo em dizer que o mundo inteiro é assim. Pessoas enxergam o mundo de diversas maneiras e expõe isso na arte, na religião, na política. No entanto, o mundo que enxergamos, continua sendo o mesmo.
Em minha opinião, existem dois mundos. O mundo interno e o mundo externo, ambos se influenciando o tempo todo. Poderíamos também dizer que é o mundo das idéias e o mundo material. O fato é: É saudável enxergar as coisas de maneiras diferentes e é isso que constrói o mundo.
Até agora, não estourou nenhuma guerra e nem o mundo se dividiu entre os que enxergam um vestido branco-dourado e os que enxergam um vestido azul-preto. Talvez, daqui há alguns dias, alguém apareça enxergando amarelo e roxo e não cabe a nós julgá-lo como louco, afinal, por mais que céticos queiram comprovar, não existe verdade absoluta.
O mundo, assim como as situações, é o que a gente enxerga dele.
Então que tal, ao invés de guerras, discórdias e revoluções, a gente não veste nossos vestidos brancos-dourados-pretos-amarelos-lilás e desfila feliz da vida, comemorando o milagre da realidade diversa?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O silêncio da noite

O silêncio da noite é realmente algo esclarecedor. Mas o que o compõe é exatamente seus barulhos.
O barulho de um carro sozinho, de um ônibus atrasado. De uma TV solitária enfeitando a madrugada mediante a um vazio de uma respiração calma e sozinha.
É um bicho que habita e pia, um pingo que cai, uma planta que geme.
O silêncio da noite é todo pensamento que afoga a mente antes de dormir. E mente.
A cortina velha balançando com o vento. É meditação.
E a agonia do parto e do amor.
É a morte das estrelas que iluminam. Assim como um artista que se mata um pouco pra brilhar.
o silêncio da noite é cheio de barulho
exausto
como um olho aceso que consome
e um outro
que não dorme.