segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Maleficio

Vem essa sensação que grita
anseio, ensaio
no meu peito
uma liberdade, um fugitivo
fatalidade
foi-se
outro motivo.
Transfigurar-me
de suposição
suponho isso
suponho aquilo
quem vai aceitar
meu perdão?
Mas não fui eu que pequei!
Como explicar
que já matei
dentro de mim
roubei a própria razão
adulterei todo meu propósito
e mesmo assim
é minha vontade
que vai pra prisão.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Refeiçao

Deita-te na cama em silencio
pensar,
reflete,
traduz
e desespera.
Questões,
desejos
amarras
palavrões.
O que habita seu mundo inteiro?
É tão grande como diz
ou cabe frio
na palma do travesseiro.
Alivia
abraça a si mesma
sossega a divagação
e dorme
que a vida é curta
e um dia
desfruta
que
vira nada.

sábado, 10 de setembro de 2011

Óptica

Veja isso,
acordei
e a realidade ainda dança
Porque insiste em ser movimento
me contorço
sustento
essa imagem de ideia
alterada
O telefone fala
o som lá fora
ainda me assusta
mas serão precisos
apenas mais alguns segundos
para voltar a acreditar em uma farsa
de realidade, ilusão coletiva.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os exilados

É, andando assim
olhando até pensa
que é normal.
Pois não é! Terei que gritar?
Observem os pássaros,
os náufragos
os loucos
os fracos.
São todos como nós
envoltos, revestidos
em um vulto colorido
em pé, se equilibrando
em uma bola
que está perdida!
Pensam ser assim tão simples
não é suspenso, é surpreso!
Não somos livres, estamos presos
pela corda do 'existir'.
Não há liberdade
estamos exilados!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crônica da ida e volta

Na ida estava convicta, fascinada com tantas Lolas, Penny Lane´s e Anitas
poderia me revoltar com minha existência humana
e com a justificativa mais exata do mundo
entregar tudo para viver em um mundo de ficção.
Pois em um devaneio, pensei. Todas livres, mas escravas.
Elas são criação, eu criatura. Posso ser todas e ninguém ao mesmo tempo.
Não foi simples, mas me conformei com minha condição de mortal.
E se posso ser sincera, me senti livre e feliz com isso por algumas horas.
Algumas poucas horas, se posso ser mais exata.
Pois não deu nem o tintinar de um dia
e a volta já era vítima de inversas reflexões.
Grande coisa ser livre para ser quem quiser
quando o mundo vira as costas
ri de mim
e não promete o cenário que deveria.
Onde está a emoção das personagens ficcionárias?
A transição constante, a ausência de tempo?
Comigo tudo é fraco!
E hoje então, vivo em um conformismo moral
que é quase dúvida.
Mas quem duvida não resolve nada
continuo sendo mortal qualquer
com aquela dúvida instigante
se sou criação que cria
ou invenção criada.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Replexidão

Ah, mistério cruel!
Este que reveste a vida
Injustiça fálica que
rodeia os sonhos.
Que aparece morto
morte à esta vontade
que rejeito.
Não há culpado! Não há
sujeito!
Depois aparecerá como
quem esquece.
Virará reflexo vil
que na memória há de vibrar.