quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sobre tom

Qual
que passando por pés, pernas e quadril
invade ouvidos
fazendo olhos
sem suspiros
se fechar.
Pois num reflexo
dançante
cria hemisférios
extensos
confiantes
que mal sabem
se mexer.
Pois num complexo
de cores que se perdem
criam-se asas
para voar.
O fresco ar
que respira
não hesita
e faz fita
de discreto
canta o ritmo
tão exato
que
Só um silêncio
tão intenso
quanto o nada
pode tocar.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Susto

Falta de algo que desconheço
talvez por desconhecer
o que seja a noite
que mal existe.
Onde estão os turbilhões de
palavras mal tratadas
que refletem na fumaça
o dia
o que diz
faz o silêncio por falar.
Os olhos que inspiram
em si próprio
solidão
de toque encoste
e gole em gole
o som ainda baixo e prestes
a se soltar
grita e pulsa em si mesmo
uma grade, uma maldade
repensar assim.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Wish You Were Here

Ás vezes, por mais belo que tenha brilhado o sol naquela manhã
e por mais intenso que tenha sido aquele sorriso
ou o cheiro, simples e cotidiano
que já lhe percegue como criança
que cambaleante, indefesa
pede colo e canta delirante,
por não saber em que pernas descansar.
Talvez o caminho não seja mais tão companheiro e amigo
quanto a noite que acabou.
Ou o som, discreto
acompanhando ondas calmas e brilhantes
já lhe diga que o tempo não é mais tempo
e que o instante já passou.
Pois bem, é hora de encarar outro fim
e ouvir o vento
que diz ser o momento
de voar por outros ares.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Seco e molhado

Posso caminhar de mãos dadas
e sem duvidar
acreditar em mil promessas inventadas
De lágrimas em lágrimas
que secam-se passivas junto
ao vento
Deslizam nas rodas
do sangue que sobe, esquenta
e liberta.
Pois de nada mais consola
coração que já foi torto
e hoje chora
por um dia se importar.
Tantos suspiros secos
que só o tempo
lançado em brilhos
e estilhaços
pode molhar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mundo novo, mundo velho

Oh, mundo
velho mundo de corações descartáveis
novo mundo, dos novos
e dos covardes
Mundo atemporal do grito
e da poesia
Mundo que já foi vasto
e casto
que cala
e castra.
Mundo que me engole
e me cospe
Mundo dos vários nomes
e tantas guerras
Mundo de tantos sonhos
muitas almas
e outras terras.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Conta

Isso, essas
que soltam-se
pela boca
sem nem avisar
á todas outras
que dizem se contar.
Mas deveriam ter
contradição
de segurança máxima
para não ao léu
conseguirem voar
em ouvidos errados
que concebem
sentidos
aquilo que não deve-se
acreditar.
A covardia, por obséquio
deveria ser exclusividade
dos que respiram
mas que não podem.
por fim
falar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carneiro

Pedia-me, como resposta
e eu, sem saber ser discreta ou disposta
adiava, por não saber falar.
O que iria colocar nas sombras e na pele
era pedido, e repleta, indecisa
hesitava em continuar.
Porque nas noites, brotava um livro
que de surpreso, virou antigo
de tão provável que me fez passar.
Hoje é quase meu lema, meu rito!
E fez tão pouco, um pouco a partilhar
Pois bastaria um nada
mas é um pedido.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Horário Itálico

Vou fingir que não sei que horas são
e cantar o hino da primavera dos desesperados
fugir das manifestações incalculadas
Porque flagrante no céu
é armadilha de desavisados
inconsequentes, articulados!
Vítimas da contradição fatal do destino
pelas contas, pelo ontem, pelas moiras
Tristes amarras dos meninos
esses que fazem pic nic nas estrelas
e jogam bolas de conspiração no ar!
Oh, questão inconstante
é ouro de pobre, vida de tolo
é resto, manifesto
é delirante, ambíguo
fascinado.

domingo, 27 de novembro de 2011

Primavera celeste


Comemorarei a primavera no céu,
e buscarei
nos poetas colo para me deitar. De chão em chão, algum passo há de pisar cores amargas, nostalgia
nem suspense, claridade, rebeldia.

O que busco não está
nos postes, nos deuses, nos tratos

está nos transes, nos ritmos, nos cálices.

De balão, um só helicóptero vai me salvar

aquele que leva pro alto

pro nada

pra algum lugar.

Pois se houvesse uma só lógica!

E mil preposições iriam faltar,
mas a grama engole
outro enredo
aquele que o medo não quis
nem quer calar.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tostão

Semana que vem ela está indo morar na Europa, arruma os últimos detalhes, toda convicta, descabelada e lamenta-se por deixar o rapazinho por aqui. Tão jovem, talentosa, vivida, esbanja e floresce tanta energia que mal parece ter sido criada por mim. Talvez sejam frutos de sua mãe, talvez apenas reflexos da vida. E eu permaneço onde estou, percebo-me invariavelmente cansado. Dizem que depois que os filhos crescem, a missão foi cumprida. Então me canso, de cumprir missões, de dar bom dia para o porteiro, de checar mensagens no celular e na caixa do correio. Canso-me de conversar formalmente com minha ex-mulher, simpática, sorridente, segurando sacolas novas que abrigam corpo antigo.
Pois não digo nada, corre-se o risco de me sugerirem viagens, aventuras. Difícil dizer que delas também já cansei, feitas ao quadrado, complexas e desnecessárias anos atrás, com tradições e risadas excessivas. Todos riem tanto, aos montes e sabe-se lá de que. Quem sabe, seja essa mania incondicional, de agradecer por ser jovem e viver. Ainda resta vida!
Talvez, até em mim.
Mas repito que cansei. Cansei do pessoal camarada do trabalho e da quantia exata que entra na minha conta todo mês, das locadoras, porque são duas, e do teatro que costuma lotar as quintas. Esses gritos de diversão na madrugada, as propostas indecentes, mal boladas. Esse todo, esse tudo, esse nada!
E de tão quase, resta o instante, tão depressa, calculado. Ah, mas canso e não há lugar! Nem a praia, os jogadores de volei, os hippes, ciclistas, corredores, patinadores, skatistas, todos insistentemente existindo. Não, não penso em me matar. Antes que dominadores, fatalistas, venham me falar. Nem quero abraços, palavras de apoio. O que quero, sei lá! Não preciso querer, não preciso falar. O jornal chega de manhã, o cachorro do vizinho late, aproximadamente cinco minutos antes do despertador tocar. A empregada chega "fiz um café quentinho, doutor". Eu não sou doutor, Marilene, eu não sou doutor.
Agora tem mais dois comprimidos que o doutor mandou tomar e uma garota nova, chegou no trabalho e insiste em me olhar. Sabe-se lá.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Grunhido

Muitas vezes
e por quase nada
penso que um dia foi
Mas hoje, feliz, cansada
hesito em dispersar
meu saber.
Que sabe, mas disfarça
esquecer
e então penso, mas não entendo
o que foi aquilo, o que foi você.
Será simples, como um triste fim
ou discreto, total e incerto
como a reviravolta de um filme
feito pra mim.
Mas é, porque apenas é
e o foi, o que sem aspas tinha que ser
Sem dúvidas, razões, nem por que
aconteceu
e delirante, incerta, modesta
não faz tanto tempo
e já deixei de crer.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Suspenso

Parecia um sonho
e se parecia
o era
como nesse agora
outra primavera
e se me balançar sem discurso
nas palavras
vivendo dia
soltando o nada
De reflexo vem a sombra do sol
voando na imensidão
que me desloca
Suspiro! Um grito! Dois sinais
Olha o todo respirando
mais um trago
o céu brilha
e vai guiando.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Nosso mundo


O mundo despertou antes de mim
e perplexo, suspenso
deu-me a mão para levantar.
Ainda bamba, com calma simples
que se acalma a criança
suspirei um sonho pra tentar acordar
E de súbito enxerguei a vida
rosa, azul, amarela
de partida
Então parti-me em dois pedaços
dois braços
dois tudo
Era o simples
e a contradição
o recheio, a intencionalidade
a imensidão.
Ah, mas era quase tudo!
Esse meu
nosso mundo.

domingo, 6 de novembro de 2011

Está tudo acontecendo


E não há como não libertar-se
em um corpo ainda cansado

a sensação de ir mais longe, no mesmo lugar

noites viram meu dia
pois de que importa

sequência,
analogia!
Aqui tudo é vivido

com a imensidão
e a lucidez
de um sonho.
Um sonho tantas vezes
mal,
que lhe acorda do sono

e lhe faz chorar.

Mas de tantas vezes,
por que não
e sem negar
resgata do lugar insatisfeito

contínuo, linear

que o mundo resiste
em se auto denominar.

E de nada mais importa
o dia passa, as estrelas morrem

com as lágrimas

mas em algum lugar, perdido na estrada

fica a certeza de voltar.

sábado, 29 de outubro de 2011

Dedos

Desliza
liso assim no reflexo dos meus dedos
que mal pensam
só reagem
em um segundo
numa manifestação
um sub-mundo.
Mensageiros ordinários
e fiéis
meus temidos e amados
companheiros
são os últimos
os primeiros.
Perceba, há uma amarra
em meu grito
sustentado,
reprimido
não há mais voz
não há mais som
só existe um enredo
palavras.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

5th

Pouco me importava com a agressividade do momento,
mal noto, pouco me importo!
Mas que insistência, que mania
e eu, agora, substancia incapaz
julgava-me tanto que de quase
caí para trás.
Pois num susto, debrucei-me
no vulto
de tudo aquilo que desapareceu
era o silêncio
era eu!
Logo eu, que só balbuciava em cordas de guitarras
estava agora inventando Invernos
destruindo castelos.
Mas que loucura!
Mas que tortura!
Meu movimento só provinha da música
e de um álcool vencido na dispensa.
Mas que dor!
Que insistência!
Cale-se, Beethoven
Cale-se!!!

sábado, 22 de outubro de 2011

Céu

Será que haverá
o dia entre todos os dias
em que o sol
amanhecerá meu sorriso
que discreto, conciso
será prova da refutação
amorosa
que tranquilamente
baterá meu coração?
Ou diverso, nascera
coberto, para alternar
um ritmo, que descarrega
e acelera
tanto
que mal consigo acompanhar?
Espere, olhe pela janela
a noite mal terminou
o sol nem meu nem seu
será nosso
e o dia
mal acabado
ainda
está nublado.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Os intocáveis.

ah, vocês
com ares despreocupados
andando por pensamentos errados
e usando desculpas de primeira
vez.
Sem reflexo na imensidão dos ares
intrigantes
palpáveis
divagação de uma mente só.
Por isso, do outro lado inspiro
na esperança de ser respiração
mas vocês,
bondosos, mal criados
nem fingem de tão certo
que foi se acostumar.
Pois nem sequer me percebem,
ás vezes detestam-me,
por não notar.
Não há afirmação exata
que se possa esclarecer
mas há um resto
uma palavra
que reflexão
pode virar.
Ou, transcendendo
virar
ar.

sábado, 8 de outubro de 2011

O operário de Toulouse Lautrec.


Sim, sim, sei que me julgarão louco, inconseqüente! Comentarão que estava com meus sentidos alterados devido ao whisky que me serve de companhia todas as noites antes de dormir, mas não lhes darei ouvidos. Estou certo.

Caminhava lentamente e despreocupado pelos ares vespertinos da França atual, de certo era um operário livre, arbitrário. Perfeito plano, quem desconfiaria dele? Mas em mim, tinha a total certeza. Era um autentico Toulouse-Lautrec. Não, não me venham com indagações, perguntando insistentemente o como e o por que daquilo se passar na minha frente, apenas sei que sim, o era.

Andando formalmente rápido, fui obrigado a diminuir o passo, de modo que minhas pernas acompanhavam seus assobios. Inconseqüente! Despreparado! Nem sequer tinha noção do que carregava em seus braços, do valor e da identidade que aquele pequeno quadro representava para a França e para a história da arte. Sua calma me irritava e simultaneamente, acelerava meus pensamentos. Deveria ir falar com ele? Mal notava minha presença! Notaria também meu sotaque latino? Porque, confiem em mim, eles sempre notam.

Mas ele era apenas um operário, um simples operário carregando um Toulouse Lautrec em seus fortes braços. Vejam, agora diminuíra os passos! Mas que diabos, teria que andar mais lentamente ainda a partir de agora! Ah, mas em uma idéia fugaz, alcançá-lo-ia facilmente e não seria muito difícil arrancar-lhe o quadro. Pois seria um fugitivo, fugiria da França, do mundo talvez. Seria um errante, um exilado. Mas seria um exilado dono de Toulouse Lautrec.

Olhou para trás despreocupadamente, sutil ou inconsciente, parecia notar minhas divagações. Percebi as flores, desviei o olhar. Ele continuava a assobiar, e calmamente, andava tão soniferamente, que não parecia sequer andar. Ora, mas se diminuísse os passos mais uma vez...

O que diriam de mim? O que comentariam quando em um chá da tarde qualquer, entrassem em minha casa, e ela não fosse mais, somente uma casa e sim, uma pequena moradia, abrigo de Toulouse Lautrec. Saberia perfeitamente onde colocá-lo, naquele vão, espaço vago, entre o pequeno bar e a porta. Sim, combinaria perfeitamente! Não haveria do que reclamar. Quantas damas não iriam me visitar, meus amigos, parentes distantes, seriam todos testemunhas de um homem espetacular! Que não seria mais somente um homem, morando em uma casa que é somente casa. Seria um glorioso, um protetor da história e da arte!

Mas ele, que agora o carregava em outros braços, desviou-me o pensar. Virou em uma pequena rua, verde, ingênua e eu, vergonhoso e desesperado, o segui. Mas ele não era somente um homem, era um herói, um guardião! Disfarçava-se de operário, mas consigo haviam jóias, santuários. E percebeu, tramadamente, deu-se conta de minha percepção. Na sua condição sobre-humana, sabia que de mim não deveria fugir. Para afastar-me, afugentar o risco, não hesitou. Começou a andar mais e mais devagar...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Maleficio

Vem essa sensação que grita
anseio, ensaio
no meu peito
uma liberdade, um fugitivo
fatalidade
foi-se
outro motivo.
Transfigurar-me
de suposição
suponho isso
suponho aquilo
quem vai aceitar
meu perdão?
Mas não fui eu que pequei!
Como explicar
que já matei
dentro de mim
roubei a própria razão
adulterei todo meu propósito
e mesmo assim
é minha vontade
que vai pra prisão.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Refeiçao

Deita-te na cama em silencio
pensar,
reflete,
traduz
e desespera.
Questões,
desejos
amarras
palavrões.
O que habita seu mundo inteiro?
É tão grande como diz
ou cabe frio
na palma do travesseiro.
Alivia
abraça a si mesma
sossega a divagação
e dorme
que a vida é curta
e um dia
desfruta
que
vira nada.

sábado, 10 de setembro de 2011

Óptica

Veja isso,
acordei
e a realidade ainda dança
Porque insiste em ser movimento
me contorço
sustento
essa imagem de ideia
alterada
O telefone fala
o som lá fora
ainda me assusta
mas serão precisos
apenas mais alguns segundos
para voltar a acreditar em uma farsa
de realidade, ilusão coletiva.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os exilados

É, andando assim
olhando até pensa
que é normal.
Pois não é! Terei que gritar?
Observem os pássaros,
os náufragos
os loucos
os fracos.
São todos como nós
envoltos, revestidos
em um vulto colorido
em pé, se equilibrando
em uma bola
que está perdida!
Pensam ser assim tão simples
não é suspenso, é surpreso!
Não somos livres, estamos presos
pela corda do 'existir'.
Não há liberdade
estamos exilados!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crônica da ida e volta

Na ida estava convicta, fascinada com tantas Lolas, Penny Lane´s e Anitas
poderia me revoltar com minha existência humana
e com a justificativa mais exata do mundo
entregar tudo para viver em um mundo de ficção.
Pois em um devaneio, pensei. Todas livres, mas escravas.
Elas são criação, eu criatura. Posso ser todas e ninguém ao mesmo tempo.
Não foi simples, mas me conformei com minha condição de mortal.
E se posso ser sincera, me senti livre e feliz com isso por algumas horas.
Algumas poucas horas, se posso ser mais exata.
Pois não deu nem o tintinar de um dia
e a volta já era vítima de inversas reflexões.
Grande coisa ser livre para ser quem quiser
quando o mundo vira as costas
ri de mim
e não promete o cenário que deveria.
Onde está a emoção das personagens ficcionárias?
A transição constante, a ausência de tempo?
Comigo tudo é fraco!
E hoje então, vivo em um conformismo moral
que é quase dúvida.
Mas quem duvida não resolve nada
continuo sendo mortal qualquer
com aquela dúvida instigante
se sou criação que cria
ou invenção criada.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Replexidão

Ah, mistério cruel!
Este que reveste a vida
Injustiça fálica que
rodeia os sonhos.
Que aparece morto
morte à esta vontade
que rejeito.
Não há culpado! Não há
sujeito!
Depois aparecerá como
quem esquece.
Virará reflexo vil
que na memória há de vibrar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sujeito


Eis que em seu corpo,
hei de deitar

e com leveza, estranha

que não sei onde encontrar

construirei um castelo de retratos.
Pois há um novo,
uma vida
em cada amor
e em cada partida.

Será esse
o fascínio de quem ama

não haver motivo

sem tristeza

entristecendo-se

sem alegria

alegrando-se

sem viver

sendo.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fera

em mim há uma fera
devoradora de palavras
que se alimenta
de tudo que se proíbe
é um retrato, uma ausência!
troca de olhar comigo
vamos danças esse blues
acelera, um pouco mais
pra trás, conquiste-me! deteste-me!
fera, feroz
consuma-me!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Plateia


Por que não largar o mundo pro alto
e me descobrir por alguns instantes

Sei, a tonalidade é fria

a noite insiste

e o som me compreende.
Prende, leve consigo
esse
disfarce antigo
tão fatal e desbotado.

Vou ficar aqui esperando resposta

enquanto isso, tranquila

exposta

a lua se esconde atrás da cortina

enquanto me reitero, desatina

a questão não é
simplificar.

sábado, 20 de agosto de 2011

um dois!

Mas que droga!
Eu leio e releio as palavras
achando que de bonitas
foram últimas.
E lembro e relembro os momentos
achando que de únicos foram poucos.
E tento mas eu tento dar risada
mas choro e não entendo a piada.
Pois escrevo pra curar o desespero
e o tempo ri pra mim
lá do espelho.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sol

Quero voar
no céu azul da consciência
e esquecer do tempo como criança
Lembrar de música que evapore
junto ao vento
essa maresia, que me esconda
junto aos deuses!
Libertarei minhas asas
para poder brincar de lembrança
essa coisa estranha,
que brincam os adultos, esperança
Mas quer saber!
Vou entrar em um solo de guitarra
e por lá viver.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Suspiro

Então eu faço um trato
e me viro de costas para me divertir
com outros olhares. Suspiro só
de pensar que esqueci.
Aí resta entregar a alma à noite
e brincar de ser eternamente livre
basta trocar toda trilha sonora
e deixar de ver os mesmos filmes.
Não será difícil fechar os olhos
para palavras e fotos
ou buscar em outros colos
tantos amores.
Fica até fácil inventar outra melodia
e lutar, trapaceando com a própria vontade.
Mas se em um segundo qualquer de insanidade,
meu alter ego com segundas intenções
lhe faz tropeçar em meu caminho
tão sujo com trapos e cinzas juvenis,
tento abaixar os olhos devagar
mas a nossa história
é mal tratada,
insistente
e faz você voltar.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Acendi uma vela
mas tudo está tão escuro
aqui dentro
que mal sei dizer
se está repleto ou deserto.

Sei que há uma cortina, vermelha

imponente, que deixa alguém
notar algo por trás,
se faz pulsar.

Não tenha medo,
não irei
fazer de minhas descobertas
tratados, nem seus desejos usados.
Juro não rasgar
loucuras
nem apaziguar invenções.
Acredito no que vejo
só peço que acenda um pouco a luz.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

...

Ás vezes penso que é estranho pensar em você
sem uma vontade qualquer de chorar
e passar por onde já passamos
sem me convencer que devo acabar
com tudo que pensei até outro dia
e então os discos do Chico, pobre Chico!
Viraram tabu para o meu coração.
Penso também se não derreteria
em saudades, e se não deixaria
todo meu orgulho pra trás
se esbarrasse novamente com sua voz
que pra mim era pesadelo e inspiração.
Sei, que o que a história me ensina
ser possível e fatal
não é o ontem
é o nunca mais.

Eu, nós, vós, eles

Somos todas a escória da criação
somos audaciosos, invejosos, imitamos o outro
por não ter coragem de criar.
Somos todos covardes, insensíveis,
mal amados, despresíveis
Somos o lixo que a criação desprezou
somo o inverso, aquilo tudo que detesto
Não há excesso! Somos todos podres
de concepção.
Me dá nauseas olhar para vocês
deixem de existir, ao menos uma vez!
Que medo tenho eu da humanidade.
Gabam-se, por ser homens de verdade.
E como são.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

tic,tic,tic...

Veja, passou mais um
agora faltam só três
Pararei. Ficarei absurdamente parada,
imóvel.
E ele continuará a andar.
Veja, andou de novo!
Agora já deixei de pensar o que pensava.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Prece

Porque vou acabar balançando
em instantes mágicos
e dar por acreditar que tudo é magia!
Seria essa dor pulsante
que invade minha cabeça
e vai embora sem deixar embriaguez
ou nitidez.
Ou a resposta das árvores,
fazendo amor com o silêncio
resultando em um barulho discreto do vento.
Falarei baixo,
para não acordar as poesias
elas dormem em um sono,
fica perto do mundo
e longe da vida.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

meu


Vai passando tão passo a passo
que as palavras são minhas verdades,
meus embaraços.
Seria uma cigana, essa minha lembrança
que tenta em vão (ou não)
confessar o futuro para o eu que já morreu.
Mas não está morto! Morreu por ontem
hoje já é outro de novo, cheio de esperança
andando devagar, olhando as flores se debruçarem
em olhares de quem acabou de acordar.
Ah, essa infinitude de vontades
nada parece tão cruel
quando o sonho se mostra
ingênuamente além.
Não se preocupe, pois dias desses
viraremos pássaros
e o tempo nunca atrapalha
quem consegue
enfim,
voar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Luzes

Vou pensar, repensar e te olhar mais uma vez
jogar em cima
toda raiva e respiração ofegante
que me propõe sua inocência.
Descobrir e te encontrar em um lugar qualquer
onde os olhares te encontram para que eu possa
me esconder.
Suas queixas são tão simples
quanto o medo infantil que você nega
o medo de deixar tudo escuro
o medo de se entregar ao silêncio
e descobrir em mim
algo assim
que você nega de passagem,
mas que por vontade
sempre quis encontrar.

domingo, 31 de julho de 2011

Coisa

Não sei, mas creio que esta noite queira dizer algo pra mim.



Talvez, para manter-me desperta,



acordei com o tempo me chamando.



As coisas olhavam para mim



e eu olhava para as coisas.



As coisas diziam-se coisas



mas afirmando-me



que eu também o era!



Ei, não queira brincar comigo



tanto assim!



Não é tão fácil



ser criação que cria.

sábado, 30 de julho de 2011

Sentido

Não parece que foi ontem,
mas parece que faz menos tempo do que realmente faz.
Foi quando, perdida naquele lugar infinitamente não-estético
e divagando em meu romantismo, você percebeu
um vício qualquer dentro de mim.
Me alertou inocentemente de todos os riscos
que eu iria transbordar de prazer em enfrentá-los.
Disso você sabia, e até via em meus olhos
por isso negou, nem de longe admirava
essa vida de quem ama pela estrada
Ah, mas pensamos tantas coisas erradas também
me desculpe, se para você
não levou a nada.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Céu

Tantos dias nunca vão bastar
perdoe-me se enxergo assim,
tudo como um filme.
Sou só reflexo de todos os
sonhos que sonhei
verdade, é só maldade
deixar acreditar.
Mas em um pulo
vou pra outro mundo
que por insistência
bela, teimosa
e infantil
se faz realizar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O grupo



E eu lá de fora assistindo tudo,



o grupo, sentado



divagando sobre minha vontade



poder e questões.



Se pudesse, os alcançaria



mas meu autor é possessivo



e não me deixa voar tão longe.



Sei, ser só mistério



não há porque chorar



irei tratá-los bem



com amor e ninguém irá sofrer demais



criem dúvidas, isso é bom!



Mas faz lembrar que



não sou tão criador assim.

Por que?

Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?
Por que?

terça-feira, 26 de julho de 2011

Não demoraria para olhar de um em um
em cada olho um sonho
que já inventei
em cada beijo, se sonhei ou se beijei
uma vontade de gritar.
Sei que não haverá
o mais bonito
porque em cada sorriso
existe a minha história
verdade não há
só suspiros
algumas lágrimas,
mas não tantas para construir o mar.

Tudo

Não bastam todos esses segundos
que correm atrás de mim
atrás de glória e imundos
Respeito terei pelo o que?
Todas conversas, respostas
não me incriminam mais
o amor que tenho
pode ser saudade, e assim
quem dirá maldade
terminar um amor que foi
só desejo de propriedade,
Nunca há pelo que sorrir
e se há, o tempo mata
esse assassino impiedoso
que chega por trás, nervoso
tira de tripas o que ainda há em mim
o céu é tão grandioso
deve ter espaço para mais um corpo.

Aeroplano

Estou voando
em um céu de romãs
todas pintadas de azul
para enganar minha idade.
Mas veja bem,
não é só maldade
o que a vida traz pra mim
Quero inventar outros universos
e mergulhar no fogo de outras dimensões
veja, ali caiu um anjo
ele me olha de lado
e ainda sorri pra mim
me diz que não preciso de proteção
e que o amor ainda sabe cuidar bem de mim.
São só dezoito.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

eu também

Fico nessa dúvida crua
e cruel, entre destruir
o mundo ou reduzir a mim
mesma, e com isso
fazer apagar o que há de lágrimas
surpresas que me ferem
sempre por ferir, por prazer
por assistir em plateia um sofrimento
tão genuíno, essas lágrimas
já tem fonte certa
são meus olhos

sábado, 23 de julho de 2011

Pulso



Vamos passo a passo



que o mundo treme, mas não acaba



é tanta receita de satisfação



mas eu só preciso de um olhar



assim, doce e sincero



que me mostre por onde andar.



Sei, são apenas suspiros



vestígios de preocupação



é tão natural, mas ainda acho



levemente estranho



sentir pulsar o coração.