quarta-feira, 25 de abril de 2012

Enredo do "cala"


Tem um momento em que tudo fala.
É ensurdecedor, disparado. São televisões já desligadas, quadros inacabados saindo desesperados do asfalto. E tudo fala.
Roupas reviradas cochicham, livros mal tratados espirram, CDs arranhados agora cantam desgovernados. E tudo fala.
No começo, enlouqueciam-me. Hoje, não mais.
Apenas espero, no espaço, o momento em que tudo fala.
Ás vezes a loucura também suspira, quase nada. É bem baixo.
Mas há um tempo, o silencio.
Vazio que não se encontra, por não haver.
As garrafas agora gritam “procure, procure”. Mas já procurei. E não há.
Hoje até acho graça, e as escadas riem comigo. Somos desvairadas, inimigas dos comprimidos.
Mas esses são círculos chatos! Perdem somente, no entanto. Para nada.
Nem as máquinas de calcular, os açoites, os trambiques, os tratados, os chiquiliques.
Chilique de gente chique. Falam as plumas.
As folhas roxas me encadernam, contam discretas todo o enredo.
Mas caio, esqueço o barulho
e durmo de papo
com o travesseiro.

domingo, 22 de abril de 2012

Saldo


De que valeria isso tudo. Uns trocados furados no bolso e tanta coisa na cabeça que nem sei mais quem escreve. Sou outro ou eu, que escreve em mim. E dilacerando tanta filosofia, questionando tanto aqueles que achavam que fazia. Que nem sei mais. Ou sei, é jogar tudo pro alto, vai que cai no chão e alguém consegue pegar. Vontade de largar o mundo e ir fazer coisa de verdade.  Essa paixão que se foi na história, nos livros, nos romances guardados que ninguém fez questão de contar. Quantas mil.
Mas nem é revolta, sei lá. E dizer sim, se ajoelhar. Se desnudar nas tramas, no tempo, nas bíblias, testamentos. Se maltratar em tudo, em dizer sim em dizer não em não dizer em não fazer em não falar. Mas que imundo!
E a gente continua buscando a harmonia, o equilíbrio. Vai viver a vida meditando pra ver se encontra alguma coisa. Você vai é embora, transcender,virar árvore. Vai viver com os monges, com as putas, com os cadáveres. Vai fazer qualquer coisa, parar de esperar, parar de escrever, parar de pensar. Ás vezes eu acho é que você faz coisas demais, deixa o mundo vir até você. Para.
Só que não dá, me prendi assim, aprendi assim, e sabe-se lá mas não sei o que. Tanta coisa.
E ainda falta.

sábado, 21 de abril de 2012

Gelo



Rosas acadêmicas que destruo com blues
Mentes polemicas que sobreponho
com refluxo
Reflexo do que aumenta
é a dose, é o gelo
é o balançar da chuva
Que me acompanharia no dançar
sozinha sairia enfrentando gotas
que não mais sozinhas são
tempestade
mais comigo
que pela metade.
Mentalidade de quem se prende
a esquecer o desconhecido
mas não é pra mim
não nasci assim.
Serei hedonista, niilista, contraditória
cantarei outros versos
viverei outra história.
De-me mais gelo,
mais blues
e mais nada.

domingo, 15 de abril de 2012

Vinte e uns

Gosto que gosta contente
e gruda nos dentes
por persistir.
Mágoas que mudam a gente
e dançam descrestes
pra nunca partir.
Um mago que muda
A gota que afunda
O sino que soa
E todo esse mundo?
Que agora é grande
traduz um instante
repassa o juiz
Que julga a história
tem nome de glória
mas jamais
foi feliz,

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ins-Ex e Tencia

Não basta olhar pro ontem
A contradição está agora
na ponta dos dedos
na dúvida que implora
Flor da pele, confunde meus olhos
o momento gira
num profundo imenso
Na transpiração da pele
que vive
sem demora
e outra hora
já vai passar.
Mundo de cabeça baixo
e não existe o outro lado
todo o todo já é conjunto
mas a mágica
que passou
e se mantém
no progresso
do tempo, que sorri
por pertencer a simplória magia
de não
e
x
i
s
t
i
r