terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

UniVerso


Universo

Pluriverso

Multi versos

Que aquecem o meu corpo

Aquele que dança no presente

E embarca no inverso

Do verso

Que brota na mente, estomago, língua

Lambendo minhas ideias lânguidas e já vividas

Ideias partidas, partilhadas em folha branca

Retrato, suspense, lembrança

O forno quente, o mundo geme, a criança entende

Verso que varia

Compõe minha sinfonia, auto, alta e própria

Mas se fosse apenas um

Qual deles seria?

domingo, 17 de fevereiro de 2013

It is a Hostel?


Nunca gostei de dizer para onde estou indo. Talvez pela satisfação em si, talvez por inconscientemente pensar que isso poderia limitar meu caminho.

Creio que esteja certa, pois quando naquele dia, por opção ou acaso, acabei simplesmente seguindo aquele grito de fera aprisionada dentro do peito, e saindo.

Pois que moro há vinte anos contados no mesmo lugar, tirando idas e vindas inevitáveis, o cálculo se reduz á isso. E por vinte anos, creio que em sua maioria, disse aonde ia.

Sei que dizendo aonde vou, declaro também aonde chego. E os lugares por si só, de tanto frequentados, cansam a sua magia.

Mas não naquele dia. Posto que descobri uma rua que sempre existiu, e eu, preocupada com os caminhos já antes traçados, não a percebia. A percebi. E não só. A explorei, explorei como as últimas das terras habitadas, como uma viagem á lugares inéditos e deslumbrantes. E nesta caça á novas paisagens, percebi casas e árvores nunca vistas, debrucei-me junto á um céu, que como todos os céus, nunca se repetirá. E posso garantir, com emoção ou imagem, que era belo. E como é belo um céu descoberto.

Descobrir é escapar das amarras de si mesmo, que no conforto de existir, suspende-se sem surpreender.

Mas não é que voltando, sinto um cheiro nunca antes sentido. Era uma mistura de fragrância e descoberta:

-It is a hostel?

Ela pergunta.

-Yes.

Escuto como resposta.

Por dentro, ria.

Eu, julgando-me exploradora por adentrar um simples novo caminho, e ela, respirando um ar que sempre respiro, na rua que até hoje vivo, iria descobrir naquele mesmo instante quantas infinitas casas e árvores e noites, que eu, por abstinência de ânsia de arriscar, já ultrapassei em sentir.

Mas enquanto houverem novas ruas a serem descobertas e novos céus a admirar, posso respirar tranquila, e ainda assim, confortar-me por faltar o ar.

Melhor do que sair sem dizer pra onde vai, é caminhar sem ter a certeza de onde se pode chegar.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Prece aos quatro elementos

Brisa a brisa
a cada passo
assim dessas que se fecha os olhos
por aparecer
essa que acompanhe meu caminho
e vez ou outra
com decisão e intensidade
rogo um furacão

não leve
não livre

apenas furacão

que de tão intenso falte ar
em meus pulmões
e bagunce
meus sentidos
do cabelo ao corpo inteiro

E buscando qualquer verdade
o verde balançar entre brisa e tempestade
um fogaréu, onda rasa

Que leve meu destino
que indique a minha casa
onde na terra que piso
encontre proteção e abrigo
alimento de visão e calma

Na dança que a chama me clame
ardendo no chão e no palco
de vermelho, vermelhidão pós espetáculo

A prece
eu prego de mãos dadas
ainda entre os dedos, com energia
e posição equilibrada.

Carrego comigo o caminho
que me direcione sempre
pra união revelada
de mente
coração
e alma,

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Furo

Desconheço por completo
a imensidão deste cálculo frio
e sequer sei
se afogo ou afundo
neste mar triste e vazio.
Que resiste à qualquer rima bonita
ou canção jovem e desprevinida
eu procuro, disfarço, improviso
Mas é assim,
sequer querer ou tentar
de cabeça baixa e olhar atento
que vejo esse estranho
mundo habitando em momento.
Eu queria, como eu queria
e não nego!
Material, constelação, declaração
nada disso ou além deve faltar
mas eu procuro, meu bem
procuro por bem

escapar,


(e se não houver nada em mim
anseio
receio
encontrar)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

ópio dos sonhadores


Vontade que é

 E só some

Quando consome

Delirante

Desvantagem errante essa de

Desejar

Desejo que pulsa o movimento do mundo

Descubro em um segundo

Qual vontade saciar

De nota em nota

Denota cor e som

E toda essa fúria

Que só as vontades sabem ter

Se na próxima vida pudesse ser algo

Seria uma vontade sussurrando no ouvido

Tudo que hoje é, tudo que hoje vive, tudo que hoje pulsa

Tudo que arrepia

Surgiu antes como anseio incontrolável

Por avanço e movimento, a vontade desejante de desejar antes

Antes que por descuido ou desvantagem

se faça em sacrifício

e desapareça

antes de matar.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Tela em Nuvem


Chuva que cai e molha corpo presente

Chuva não se entende, se sente

O mundo te chega um pouco pro lado

De todos os sujeitos simples, sujeitados

Sozinhos são os verdadeiros bem acompanhados

Que sorriem ao passar o verde azul tênue

 separação de tela em nuvem, surgindo nova ao nascer do sol

Fecha os olhos e sorri, um pouco gelada

Mas vívida e contínua cai a água

E de resto, o mundo objeto

Dramatizando vontades, improvisando sorrisos

E tudo isso que somente é

Mas prepotentes insistem em fazer

Indico: Uma dose de amor-não-correspondido e duas de poesia

Pra amenizar a objetividade do mundo