quarta-feira, 29 de junho de 2011

Até três

Como um convite, discreto
lhe peço
entre sem fazer barulho, devagar
esse timbre se assusta fácil, insiste mais que transe lunar
como dizem por aí
tem fogo nos olhos
e sutileza para sorrir.
Balança de prazer
o máximo que puder
tanta fascinação, ousada, disfarçada
sem poesia, nem rosa
lamento, mas vou lhe contar
não é você.
Fala baixo,
na ponta dos pés
distrai o mundo inteiro
que eu quero deixar o blues tocar.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tradução?


Fechem os olhos! Mas não o façam rápido demais os anjos da morte já vão passar, e as rosas de vermelho vamos pintar. Silêncio! Eu ordeno silêncio mas ela não vai me calar vejo nascer, quebra-se a casca tão rápido, antes que voe! Não percebe quando pisca? Está piscando, está piscando! E exige tradução. Ouçam estas risadas
estão ficando tristes, abafadas.
Não há mais solução! Vamos inventá-las, mal tratá-las e elas em vão, nos perseguirão.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dedicatória.



Simples, corra você
com ar de quem corre contra o tempo
nossas falas, foram todas esquecidas!

E agora, vamos embora

fomos todos raptados
para o teatro da vida

Não há como rir, seria triste a tragédia
então não fuja,

acomode-se na plateia.
Porque não há primeira fila; seus lugares são figuras repetidas. Nosso palco, conspiração? Mas que nada! Palmas, e mais palmas para o bufão!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dois fãs

Eu me viro de costas
mas você me chama
com o brilho nos olhos que te guarda
tão longe, tão perto.
Cria em mim fio condutor
que me leva à rua,
aos sonhos, aos céus
Mas me escondo, covardia
em mim é perfume
Um milhão de máscaras
de tratos, conversas
há quem diga não, eu digo não
os pássaros lá fora, que cantam o dia
dizem não. Meus versos e contas
dizem não, minhas vontades e maldades
dizem não.
Mas você transforma,
quando olha pra mim
meus olhos respiram frios
e dizem sim.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Geógrafo


Sinto que num reflexo
de cores transpostas
e dispostas

a descolorir a dor

reflito
e re-descubro seu sorriso.

Mas na alma, caio na lama

minha cama vira nossa história

Por isso, vivo
tão rápido,
espere

não há construção no vazio

espera, espio!

Atrás da porta, existem flores coloridas

que enfeitam sua boca

mas meu trabalho é imenso

e meu vampiro

não é o monstro
é o tempo.

domingo, 19 de junho de 2011

Parágrafo.


Assim, olhando pra baixo mas veja um pouco mais
com esse andar cambaleante
de quem confia e desconfia de si mesmo
Arregala os olhos
faz cara de quem quer um pouco mais
depois de rir, invade

faz guerra em contradição
tenta, ostenta,
espera, detesta
e só com essas que são tantas, pequenas, complexas
só com essas que são amor e ódio no mesmo escape
você consegue se deitar.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ponta


Do outro lado da cidade,
os olhos de vidro vidrados

observavam tudo

com audácia de criação.

Ela deitava-se longe

entregue ao último prazer

ele levantava rápido

acendia o cigarro
antes do telefone

tocar em silêncio

Atmosfera fria,
pulsa
em corações desmistificados
seus cabelos cobrem a fumaça

tranquila
desgraça
certo como trato

cambaleia,
o cigarro acaba

o telefone para

e dois simples
como
antes de um, são só três
sujeito composto

objeto fraco

e final estreito
menor que a janela de vidro

assim, como fechadura

que fecha discretamente

outra porta desmontada.

sábado, 11 de junho de 2011

2:38

Seria então, tudo um grande desencontro?
Ou reflexo sutil, de um encontro qualquer
daqueles que salvam a pele, salvam sorrisos
Seria, nesses passos largos da vida
um antes e depois desfrutado
de todas vantagens partidas
daquele segundo de desilusão.
Mas nós, jovens heróis
constantes vencedores do tempo
ousamos rir dessa construção
Música fraca para ouvidos tão nobres
somos fortes, somos fortes.

Seu traço.



E se tiver que ser assim
não foi por querer,
se nas amarras dos meus sonhos
eu lhe prender
e depois de dias, eternos momentos
sem te notar
não foi por querer.

Sei que nos vestígios

eu vou te encontrar

e sem contradição,
jurarei
ainda sincera te amar.
Mas sei, que depois
de retratos,
ousados

mistérios

sinais luminosos

irão indicar
a saída mais próxima,
escondida
onde você vai estar.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Livros

Tudo isso corre
e só uma pergunta
pulsa em minhas veias.
Entre carros,
prédios
luzes que me cegam.
Minha imagem toma uma tonalidade
fria
que molha qualquer papel.
Simples, só quero todo o resto.
Mas são vocês que apontam
para o céu
e eu continuo derretendo
criando dor mais bonita do que nuvens
e serei
passo a passo
um alguém qualquer.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tão certo.

Não vou mentir, quero que o telefone toque o mais rápido possível
e que sem enganos, faça-se milhões de planos
todos aqueles que me farão sorrir.
E assim, como quem não quer nada
chegarei despreparada
ansiosa e pronta para construir.
Sei que vários retratos vão me cercar
e rostos desconhecidos tentarão, em vão, nos desvendar
mas que apaguem logo as luzes
para a realidade se fazer presente
e por intensos momentos, eu deixar de sonhar.

sábado, 4 de junho de 2011

Simples



Vem rápido assim



como quando alguém chora



mesmo a lua, amante dos amantes



não será suficiente



sem amados versos.



Sopro leve do amanhecer



sela o amor de quem quis amar



sempre livre



numa liberdade infinita



e fatalmente



bela.



E se for só beleza



o que é que tem?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

como os pássaros.

Porque sou amor de corpo inteiro
e com ele não discuto, só creio
é assim como o som das manhãs felizes
com suas vidas próprias
alcançam a manifestação simples
das batidas rápidas. Essas que quase
alcançam nossas saudades
se encontram nas nuvens, no alto.
Se sorrir assim é guardar verdades
o que relativiza nossa liberdade?
Não há definição
não há modernidade
é antigo
e sempre livre em sua complexidade.