quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sobre tom

Qual
que passando por pés, pernas e quadril
invade ouvidos
fazendo olhos
sem suspiros
se fechar.
Pois num reflexo
dançante
cria hemisférios
extensos
confiantes
que mal sabem
se mexer.
Pois num complexo
de cores que se perdem
criam-se asas
para voar.
O fresco ar
que respira
não hesita
e faz fita
de discreto
canta o ritmo
tão exato
que
Só um silêncio
tão intenso
quanto o nada
pode tocar.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Susto

Falta de algo que desconheço
talvez por desconhecer
o que seja a noite
que mal existe.
Onde estão os turbilhões de
palavras mal tratadas
que refletem na fumaça
o dia
o que diz
faz o silêncio por falar.
Os olhos que inspiram
em si próprio
solidão
de toque encoste
e gole em gole
o som ainda baixo e prestes
a se soltar
grita e pulsa em si mesmo
uma grade, uma maldade
repensar assim.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Wish You Were Here

Ás vezes, por mais belo que tenha brilhado o sol naquela manhã
e por mais intenso que tenha sido aquele sorriso
ou o cheiro, simples e cotidiano
que já lhe percegue como criança
que cambaleante, indefesa
pede colo e canta delirante,
por não saber em que pernas descansar.
Talvez o caminho não seja mais tão companheiro e amigo
quanto a noite que acabou.
Ou o som, discreto
acompanhando ondas calmas e brilhantes
já lhe diga que o tempo não é mais tempo
e que o instante já passou.
Pois bem, é hora de encarar outro fim
e ouvir o vento
que diz ser o momento
de voar por outros ares.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Seco e molhado

Posso caminhar de mãos dadas
e sem duvidar
acreditar em mil promessas inventadas
De lágrimas em lágrimas
que secam-se passivas junto
ao vento
Deslizam nas rodas
do sangue que sobe, esquenta
e liberta.
Pois de nada mais consola
coração que já foi torto
e hoje chora
por um dia se importar.
Tantos suspiros secos
que só o tempo
lançado em brilhos
e estilhaços
pode molhar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mundo novo, mundo velho

Oh, mundo
velho mundo de corações descartáveis
novo mundo, dos novos
e dos covardes
Mundo atemporal do grito
e da poesia
Mundo que já foi vasto
e casto
que cala
e castra.
Mundo que me engole
e me cospe
Mundo dos vários nomes
e tantas guerras
Mundo de tantos sonhos
muitas almas
e outras terras.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Conta

Isso, essas
que soltam-se
pela boca
sem nem avisar
á todas outras
que dizem se contar.
Mas deveriam ter
contradição
de segurança máxima
para não ao léu
conseguirem voar
em ouvidos errados
que concebem
sentidos
aquilo que não deve-se
acreditar.
A covardia, por obséquio
deveria ser exclusividade
dos que respiram
mas que não podem.
por fim
falar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carneiro

Pedia-me, como resposta
e eu, sem saber ser discreta ou disposta
adiava, por não saber falar.
O que iria colocar nas sombras e na pele
era pedido, e repleta, indecisa
hesitava em continuar.
Porque nas noites, brotava um livro
que de surpreso, virou antigo
de tão provável que me fez passar.
Hoje é quase meu lema, meu rito!
E fez tão pouco, um pouco a partilhar
Pois bastaria um nada
mas é um pedido.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Horário Itálico

Vou fingir que não sei que horas são
e cantar o hino da primavera dos desesperados
fugir das manifestações incalculadas
Porque flagrante no céu
é armadilha de desavisados
inconsequentes, articulados!
Vítimas da contradição fatal do destino
pelas contas, pelo ontem, pelas moiras
Tristes amarras dos meninos
esses que fazem pic nic nas estrelas
e jogam bolas de conspiração no ar!
Oh, questão inconstante
é ouro de pobre, vida de tolo
é resto, manifesto
é delirante, ambíguo
fascinado.