segunda-feira, 24 de agosto de 2009

que lua que leio

Pois me distrai,
ao olhar pra trás
com olhos velozes, me deparei
com a lua de costume
cada dia que passa
cada vez mais imune
a tortura diária,
de olhar para a mim.
Será porque me quer ao seu lado;
ou porque beleza, brilhará sempre mais
que minhas palavras
mas a lua que trago comigo
e a lua que leio contigo
é mais bela que todas as esferas lunares
que já se depararam com dor.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

. No vai e vem do conformismo

Por possíveis sonhos inesperados ou intuições inconscientes, optei por não tão costumeiro hábito, pegar um ônibus. Além dos dois reais e vinte centavos, valor obrigatorio para aqueles que tem por necessidade se locomover, minha viagem custou também um desagradável engarrafamento e um mais desagradável ainda, retrato da sociedade atual.
Apenas alguns minutos parada, a Mercedes popular me mostrou pela sua janela mais um dos muitos meninos que poderiam estar se iniciando numa jornada rumo aos sonhos e conhecimento e que por simples redenção da vida, se encontrava frente a humilhação de sucumbir ao próximo por um prato de comida.
A indignação neste caso não é apenas aceitável, como necessária. A questão é onde ela se encontra. O menino pedia, as pessoas com pressa diziam "não tenho" e seguiam sozinhas com sua revolta. Revolta essa não gerada pela pobreza, falta de escolas, moradias, ou qualquer outra coisa que por direito elas tem e que por dever todos deveriam ter. A intolerância surgia devido ao fato das necessidades básicas, ou a falta delas, atingirem "quem não tem nada a ver com isso".
Quem não tem se conforma com sua possível inferioridade e quem tem se revolta com a interferência da miséria alheia. "Mas é tudo culpa do governo". Se somos a tão sonhada humanidade democrática, vamos nos encarar como humanos, homens que segundo o regime, tem total liberdade de escolher quem manda na gente.
Que ferocidade há em nossos olhares que confrontam olhos irresponsáveis, por não terem nossas responsabilidades e se acostumarem com o que lhes foi destinado. Destino esse selvagem, vítima da introspectividade que confronta corações injustos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Relato efetivo de uma morte desnecessária


Jogou o cigarro com uma desprentenção perniciosa e o cigarro pôs-se a esperar.

O caso que tivera com sua dona foi efémero. Brevemente se deu conta que contava ainda uns dez ou vinte tragos para acabar-se por inteiro.

E não bastasse a rejeição de algo inacabado, foi jogado fora acesso. Sem ao menos se dar ao trabalho de lhe privar da dor da consciência, sua antiga proprietária agiu de maneira fria e covarde.

E assim permaneceu aflito, como se aflige um cadáver enterrado vivo.