domingo, 29 de março de 2009

Que pulso que ainda pulsa?



Me perco nas palavras, sem segurar meus impulsos,
questiono minhas verdades, sem saber por que veias pulsam meus pulsos
e sigo para variar, meus pontos intrusos no ego.
Vario de nome, confundo as caras
invento novos modos de inventar
e calo pra assegurar
que de seguro, o seguro vem me buscar.
Desafio o que tem que desafiar
mas a timidez não vai calar
o que a vontade se diz no direito de dizer.
Pela beleza que não há, nem versos hei de contar;
Segundos, segundo
os números, primórdios da pulsação
que de nada vão adiantar
no que pulsa minha imaginação.
"E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos , sem que haja nenhum, neste caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos."

Discurso do método, parte IV. Descartes

terça-feira, 24 de março de 2009

o refugio mais usado

Sejam bem vindos!
Todos muito bem vindos!
Ao céu que chamamos de nosso,
a existência que temos como própria,
e a verdade que usamos como mascara!

Sejam bem vindos!
Todos muito bem vindos!
Ao desejo podre que consome nossa moral,
a vontade cega que induz ao final
a insatisfação barata que traduz a miséria dos ricos,
e ao tempo que criamos a princípio.

Princípio de nada,
de almas lavadas,
levadas como caras
ao poço mais profundo!

Poço de maldades,
que disfarçam suas drogas

como as drogas que não matam.

Não matam mas consomem,
como os rostos sem seus nomes
que traduzem solidão.

domingo, 15 de março de 2009

Retrato deplorável de minha infância



Pelo fim nostálgico lembro da alegria das crianças naquele fim de tarde, onde a noite se fazia feroz para os que não tem medo.
A poesia fazia falta na tristeza e poderia mais tarde ser lembrada pelo corpo de um adulto, ou de um criança que fingia ter a feminidade de alguém atingido pelo tempo.
Mas a lembrança, nunca esquecerei aquelas vozes tão distantes, aquela alegria insuportável que até hoje me atinge por saber que é algo simples, puro, notável e contagiantemente deplorável.
Não sei se é isso que guardarei da infância, um olhar isolado de quem não sabia dançar ou uma visão triste de quem nunca achou graça em tentar.
É esse silêncio, culpa de quem o interrompe. O dever de interromper o silêncio é meu.
Só meu.
Seria capaz de
de
de
de fazer
o que nunca pensei em fazer,
ou criar,
o que nunca pensei em criar
só para acabar com aquele frio momentâneo que nenhum agasalho soube aquecer.


sexta-feira, 13 de março de 2009

fui perguntar pra Nietzsche



É claro que quando escrevo não tenho a intenção de olhar o mundo como algo externo e meu lado mais egoísta tem o dever de se encaixar nele.
O planeta Terra não me envolve muito, admito que a política, os cálculos e a massa aglomerada de seres humanos não me traz recordações que posso chamar de boas.
O que me preocupa?
Dentre o clichê de urgência e a moda do movimento humanitário o mais preocupante
é fazer, sem saber que está fazendo.
A alienação se trata de um estado de consiencia que atinge a popularidade com a miséria e a "elite" com fascinação.
Por meio da fome miserável e do tédio rico e aceitável, alguém está por trás, rindo
não sei dos seus planos, não penso em algo tão grandioso
será que sou eu?
A culpa não é minha nem sua, não sei mais de nossas desculpas
não sei se temos tempo para isso, e o tempo já não é mais tão preciso
Não sei pra que servem as fórmulas quando não se tem intenção de usá-las
Não sei quem decide o que tenho que saber, e não entendo até hoje como vim a conhecer


Pode ser perseguição de minha parte, vontade de parecer algo que não é
tentação de ousar algo emocionante ou desejo de pensar com precisão;
Mas tento ser instável o suficiente para não me deixar induzir por crença
ou sentir seduzir por religião.
Seja lá o que for, teremos que concordar que desse vez o podre ultrapassou o reino da Dinamarca.
Se o fedor vem da beleza ou da tragédia, aí eu já não sei dizer.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Promoção do dia: só ganha quem acertar, só acerta quem adivinhar

É nobre de minha parte dedicar palavras a você,
no sentido real que não existe nem quer saber,
mas falo, posso repetir quantas vezes quiser me tentar
nem que eu tenha que trocar de música para você desistir
Não vou acreditar naqueles que acreditam.
muito menos, pagar pra ver
Jogarei seus créditos fora,
apago agora qualquer vestígio seu
Juro que vou rir daqueles que te criam
posso te espantar com a cruz e a espada
olhar pra você com a cara mais lavada
e concordar que em um sentido você pode se encaixar
deixarei os tolos,
pois um dia aprenderão
entre céus, ruídos, montes ou feridos
de você,
só criação;


quarta-feira, 4 de março de 2009

a criação do que é imperfeito ; não enxergo quem quer ser



Sai, sei que não há de maneira contraditória o que discutir
sei de maneira fria e cruel, que não há como resistir
talvez narciso me ajude no que há para ajudar,
talvez alguém me ensine o que não há para ensinar
e serei o que ninguém nunca irá aprender
Talvez o teto desabe só para aprender a jogar,
ou quem sabe a vida ensine
a quem nunca soube embalar
nesse ritmo que embala a vida
ou no groove que vai me levar.
Ou posso jogar meu corpo,
dançar minha alma
enlouquecer a própria mente.
Posso até aprender magia,
conhecer bruxas e virar bruxa também
vou descobrir fragancias em olhares
e sentir o cheiro da vaidade.
Serei assim, um pouco como eu e você,
existirei como as notas, os fatos, o blues
Vingarei como os fracos, fantasiarei covardias
e jogarei paciência no nada
pra responder a perguntas
que jamais alcançarão a intensidade de uma existência presente na realidade.