quinta-feira, 25 de março de 2010

Transgressões progressistas


Já chega o que bastará, transgredirei se for preciso, arrombarei portas impermeáveis e sei que assim estrelas brilham mais forte. Do que basta um amor não vivido, um herói não criado? Não basta ser, não continuo meu tempo sem tentar. A hora do dia instala percepções sem sentido e a criação de uma força tão forte quanto eu me faz pensar, repensar e chego a conclusão que sou só amor. Essa genialidade, esse torpor, essa maldade! Ó mundo, quem te cria, te vive. Inventei umas canções de amor, proseei uns versos sem nexo e já sinto-me uma amante crucial. Contrario Frida, esqueço meus pés e me pergunto: Pra que preciso dançar, se vivo sem medo? Que seja meu corpo, movimentarei a alma!

domingo, 21 de março de 2010

Um motivo a mais.

Surpreendo-me com o barulho do ventilador e me questiono se foi ele que aumentou ou eu que só o percebi agora. Pretendo me despedir o mais cedo que der e sei que ela vai querer dar uma festa, vai falar que tempo longe é tempo eterno e que a saudade é a fronteira mais distantes. Aquela gringalhada vai aparecer, o convidado de honra vai faltar e a vontade que eu tenho é de subir pro quarto o mais rápido possível.
O que me alegra são as crianças, não que eu brinque muito com elas ou faça tão pouca festa quanto faço pra cachorros. Mas tenho que admitir que os olhares infantis são admiráveis. Olhares que não aprenderam a mentir.
A mala está pronta uma semana antes e o meu chefe acha que já viajei. A música parece um pouco mais calma e as pessoas começam a agir como se eu já não estivesse mais lá. Olho para um antigo livro de biologia e percebo que dentro daquela enorme casa tão bem decorada, este é um objeto que apesar de nunca ter tido um contato mais próximo, sempre reparei.
Antes de sair de casa me despeço com um abraço daquele pessoal que nunca gostou de você, mas que quando você está de partida começa a reconhecer o quanto você é uma pessoa admirável. Que vá pro inferno, você e a sua percepção do que é admirável.
Dou um beijo nela e peço pra esperar minha ligação. Vou ligar assim que chegar pra poder dizer quando volto. Sei que ela não vai dormir, vai atender tão afoita qualquer ligação e quando ouvir minha voz e perceber que vou demorar, vai deitar e descansar feliz. Fui eu que disse ' isso não é tempo que se espera, é tempo que se aceita.'

quinta-feira, 18 de março de 2010

Quase um segundo

Vou vivendo como quem não perde nada e nessa existência tão de passagem, me pergunto se há o que faltar. E te olhar assim tão de perto, faz meu coração bater tão discreto que até me questiono se ainda está lá. Essa melodia tão bonita, essa luz presente que presenteia nossas vidas e uma poesia baixa, com um tom degrade. Mas meus olhos as vezes brilham e eu me envergonho vez ou outra por parecer tão menor que eles.
Essa indecisão que as vezes parece amiga, dou a volta, vivo a vida. Mas a lembrança será fiel. Sei que essa sim fará o sutil pacto eterno entre nós dois.

sexta-feira, 12 de março de 2010

por um

Vem, deixe-me olhar pela ultima vez desta maneira cega, com este olhar suposto que não diz além do que pensamos. Deixe-me agradecer por não enxergar tanto tempo assim, e não sentir no embalo todo, um coração tão firmemente estabilizado.
Talvez o mundo me agradeça e por um segundo até esqueça, a inspiração que me fez voar. O sofrimento fica tão sozinho, e com pena dele eu me fortaleço para alcançar um tempo que me fez parar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

[... ]

Percebia visivelmente, e para minha vista não era necessário entender que ela fazia aquilo mais por sadismo do que por razão. Mordia lentamente um pedaço e a cada mordida renovada colocava um novo pingo de pimenta. Eu, devia dar-me por satisfeito. Esperava da maneira mais honesta que ela olhasse para mim e dissesse que cozinho terrivelmente mal, que só comeria aquela comida horrorosa, ou por fome ou por caridade.
Não sei se nem um ou nem outro, só sei que lá estava. E colocava aquele molho vermelho que eu tanto detestava, tanto por seu gosto quente quanto por sua lembrança gélida.
"Tenho esse molho aqui só por sua causa".
Ela, olhando como quem não tem muito o que perder, respondeu
"Suas declarações de amor são sempre tão comoventes"
Minha vontade era verdadeira, tinha certeza que apesar da idade, nunca fui tão velho assim. Ah, se eu pudesse, a jogaria longe daquela mesa e faria com total certeza o que deveria ser feito. Mas não o fiz.

quarta-feira, 3 de março de 2010

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Me colocarei agora diante do céu azul de corpos apaixonados. E quem diz que se apaixonar é algo dualista se engana, a paixão que se sente dentro se mostra afora e dentre a rua de inovações cotidianas se enxerga em cada olhos, o reflexo de alguém que já amou. Sem ter tido até então, algum abraço tão contínuo , que me abrace e continue a me cercar, sei que amar é em qualquer tempo e que o tempo nem se cansa, fosse breve se cansasse.
Sei que tudo é tão vazio, que sem dor meu corpo é frio, porque dor é também gostar. Mas me envolvo a cada passo e convenço o embaraço de dizer 'te quero bem'. Querer bem. Só imagino um ser completamente louco para 'querer bem'. Quem quer, quer por querer, quer por ter, pra aproveitar. Quem quer bem quer por bondade, compaixão, diversidade.
Só o amor junto os traços mais complexos, verbos e substantivos semi alternos. Só o amor tem a distância; mas que cria semelhanças, com o fervor que aproximou.