Partia de manhã, não encontrava no sol o brilho que precisava.Sendo sincero com seus instintos, que mais pareciam loucura do que razão, não precisava de mais nada além da impossível descoberta. E se era impossível por que o fascinava tanto?Escondia-se noite após noite para ver os olhos brilharem. Na primeira vez ficou paralisado, como num sonho. Na segunda noite correu para descobrir a responsável por olhares tão surreais e na terceira andou leve, passo a passo para um outro desaparecimento.Disse tão triste, tristeza necessária e suficiente para a poesia, que seus olhos eram os horizontes que o guiavam pela madrugada. Percebeu que só parado seria possível observá-los. Talvez os olhos soubessem o porque dessa infinita crueldade. Como impedir um homem de correr atrás de seus sonhos e mesmo assim, o deixar feliz.
Não acredito que alguém não-solitário consiga ser escritor. Perdoem-me, minhas companhias. Sei que conto com um forte comboio de conversas, interações e gentilezas. Digo-me feliz com isso. Mas o que conta nesse caso é que não sou um não-solitário. Obviamente tal caracteristica não se dá por elogio e sim por necessidade. Afinal, não há ser-humano que se baste ao ponto de ser aturado por todos. Porém, sim, existem seres humanos que tem a necessidade de serem aturados por todos. Eu não sou um deles. Sinceramente, poucos homo sapiens me interessam. Frequentemente me dou por feliz em estar sozinha. E felizmente, tenho com quem dividir a mim mesma.
Quem se importa de onde vem as balas? Os pais desesperados não irão raciocinar, as crianças assustadas não saberão de quem estão correndo. Mas todos choram por vidas e por sonhos que morreram em nome da violência. Deixo aqui meus sinceros sentimentos em nome de todas as vítimas que por acaso ou condição, foram a consequencia de uma causa podre e injusta.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
A natureza quis me fazer gelo mas numa erupção qualquer do tempo, falhou. Não satisfeita me fez como o vento mas por ser muito leve, fugi. Tentou insistente, fazer fogo quente. Mais longe que fui, queimei. Criou então a areia, as rochas, pedras preciosas. De tanta confusão que criei, expulsaram. A natureza então resolveu com pele, carne, ossos e todos se perguntaram tão tristes se seria mesmo algo tão certo. Ela sorriu e resolveu. É dúvida, mais nada.
Arte. A Representação Total da Essência. Queria eu, no auge da loucura extirpar de mim o que há de mais proveitoso e colocar em cores. Não existe ato de maior generosidade do que a arte.
O maior erro da minha vida foi executado logo em seu início. Primórdio de erro e concepção. Nasci durante o dia e insisto que foi por isso que chorei. Ingênuos os médicos, fotos e família. Pensam que por circunstancias efémeras e naturais, derrubei algumas lágrimas. Hoje, adulta por lei e sociedade, concederia-me o direito de gozar da noite em sua total plenitude, não há trabalho que me caia melhor do que a escrita. Não me interpretem mal, jamais afirmarei que executo tal oficio com tanta excelência que qualquer outra atividade permaneceria obsoleta em minhas mãos. Apenas creio que excluindo o amor e a culinária, a noite não me concederia prazer tão intenso como a companhia das letras. O silêncio noturno, quebrado por um bater de asas de quem não conhece o dia ou por um choro ingênuo de quem ainda não descobriu a vida. Confesso que me derreto em versos quando a noite sopra um vento frio, não gélido, não quente. Apenas frio o suficiente para que me faça presente a solidão. E hoje, quando percebo a presença de uma única e perdida estrela dentre a imensidão noturna, não me entristeço. Sei que somos partidas, partilhamos algo no infinito. Talvez um segredo, talvez uma esperança.