O frio entra pela sub-porta
e me cala.
Jaz um silêncio íntimo
que escorre pelo ralo.
Três
Quatro
Cinco segundos
e não há mais tempo.
Nem frio.
Estaticamente congelo
e transpiro os suspiros dos ponteiros.
Julguei-me sóbrio por contar
mas a insanidade prolifera-se
nos números.
Escorrem fatos.
Curvam-se os fracos.
Sobreviventes permanecem imunes.
Estáticos.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
Fotos
De nada
de tudo
sobra alguma coisa
um instante, o mundo!
Sacos e sacos de desilusões
suspeitos respeitados
por seus despeitos
considerados.
E nada!
Mas a partida
busca
o encontro parte
a analogia
analógica
desfaz o conto, o tempo, tempestade, a própria lógica
olhares ternos de logísticas erradas
fotografias inexistentes
que não devem ser guardadas
vestígios
são apenas vestígio, ora
não servem pra nada!
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Descrença
Sim! Como não?
Vamos nos amarrar na liberdade
Clamar amor com máquinas de verdade
Jurar, pedir, sentir
poesia
no asfalto raso da maldade!
Vamos inovar o velho
despedaçando e despedindo-se
do incalculável
e compreender a música
desconstruindo sua estabilidade.
Permaneceremos imóveis
aguardando a mudança
e a boa vontade.
Ah, e este riso!
Chorando, sorrio
descrente
acreditando
firme e escorregadia
no fervor frio
da realidade.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Poema
Todo mundo anda tão
convicto
e junto.
Poderíamos andar desacreditados
e sozinhos.
Quem sabe assim não nos
encontraríamos
pelo caminho.
O que que é verdade?
O que que é verdade?
O que que é verdade?
Tudo que não começou é bom.
O que que é verdade?
O inexistente agrada.
O que que é verdade?
O que que é verdade?
O poeta é fruto da
tristeza.
O poeta é fruta da
beleza.
O poeta não vive de
poesia.
É a poesia que insiste
no poeta.
convicto
e junto.
Poderíamos andar desacreditados
e sozinhos.
Quem sabe assim não nos
encontraríamos
pelo caminho.
O que que é verdade?
O que que é verdade?
O que que é verdade?
Tudo que não começou é bom.
O que que é verdade?
O inexistente agrada.
O que que é verdade?
O que que é verdade?
O poeta é fruto da
tristeza.
O poeta é fruta da
beleza.
O poeta não vive de
poesia.
É a poesia que insiste
no poeta.
Chamada
Nessa busca, jornada
incessante
todos os bruxos
gurus
poetas
todos os rostos que se transformam
e olhares que se apagam.
Qual olhar se manterá
fixo
buscando o infinito que há em mim
e quer se misturar.
De repente, esse alegre
se transtorna
suspende e desentende
qualquer razão.
O crer
ultrapassou-se
condenou-me
O ter desmistificou-se
reduziu-se
Só sobrou o ser.
E agora,
o que sou eu?
incessante
todos os bruxos
gurus
poetas
todos os rostos que se transformam
e olhares que se apagam.
Qual olhar se manterá
fixo
buscando o infinito que há em mim
e quer se misturar.
De repente, esse alegre
se transtorna
suspende e desentende
qualquer razão.
O crer
ultrapassou-se
condenou-me
O ter desmistificou-se
reduziu-se
Só sobrou o ser.
E agora,
o que sou eu?
sábado, 19 de maio de 2012
Roxo
Vontade de desapegar de tudo,
me apegar à qualquer coisa.
De ir embora sem saber o rumo,
de saber o rumo sem ir embora.
De desengasgar esse engasgo estranho
que dorme e acorda comigo
e não tem jeito, só sai pelo olho
vermelho
feito água.
E passado um tempo
até perceberia, mas o que falta
é percepção. O que falta
é sei lá o que, mas falta.
Falta alguém pra engolir essa agonia comigo.
Porque nunca deixei de ser criança.
Nunca deixamos.
E o que preciso não é de ajuda
é de amor.
Precisamos.
me apegar à qualquer coisa.
De ir embora sem saber o rumo,
de saber o rumo sem ir embora.
De desengasgar esse engasgo estranho
que dorme e acorda comigo
e não tem jeito, só sai pelo olho
vermelho
feito água.
E passado um tempo
até perceberia, mas o que falta
é percepção. O que falta
é sei lá o que, mas falta.
Falta alguém pra engolir essa agonia comigo.
Porque nunca deixei de ser criança.
Nunca deixamos.
E o que preciso não é de ajuda
é de amor.
Precisamos.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Tristessencia
Ás vezes me pergunto se tristeza tem nome.
Mas se o tivesse, teria também cor, sujeito e sobrenome.
E não seria tristeza.
Ás vezes pergunto se tristeza tem data.
Mas se o tivesse, teria também hora, ano e contratempo.
Então tristeza não seria.
Pergunto-me também se tristeza tem som.
Pois se o tivesse, viraria música.
Entretanto não seria tristeza.
Dou uma volta e meia no tudo e questiono-me:
“E espaço, ela tem?”
Pois se o tivesse, não seria tristeza.
Seria o mundo.
Mas então, tristeza, o que é que tem?
Lágrimas, palavras,suspiros?
Onde se esconde tristeza
Nos palcos, telhados, nos livros?
Tristeza cruel e suicida
Tristeza inversa que sobrepõe
Frio calmo que clarifica
Ah, tristeza, vem nas noites claras
ou na escuridão do dia.
Oh, dama dos choros
Me maltrata e me intriga
Mas se nome tivesse
Ela sequer
Existiria.
domingo, 13 de maio de 2012
Fluxo
Por que você chora, por que está triste? Perguntavam
enquanto era engolida por um torpor atmosférico imobilizador. O soro ou
qualquer líquido hospitalar corria por entre aquele tubo. Não se preocupe,
agora arrancaremos a pele de sua perna. Da perna? Não, não... Ideias apagando-se, diminuindo ao deitar
na maca, ou cama, maca é contrário de cama, pensava, é só inverter as sílabas.
Ma-ca, Ca-ma. Deite-se, isso, assim. A agulha preparava-se para encontrar veia
minha. Tiramos e pele e colocamos de volta, precisamos apenas verificar. Ideias
falhas. Agora levantaremos a pele do
pé. Do pé? Por favor, eu insisto, não, não,
não...
Injetaram. Ideias lentas, inexistentes,fluxo latejante de
tempo. Ideias mortas, quase morte. Não, não...
mas era bom,
confesso, era bom.
Meu primeiro contato com o não-ser. Quase não ser, sendo.
Mas era tudo. Ideias lentas, inexistentes,fluxo latejante de
tempo. Ideias mortas, quase morte. Não, não...
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Remédio
Micro,macro, médio
tamanho não é resposta
é remédio
tamanho do caminho
ai, felicidade
ser humano, eu
com esse olhar insistente
de quem procura
o que pretendo encontrar
o que, o que
se esconde no leito
ou na mesa de bar
nem sei mais o que
é felicidade
conceito composto
eufemismo transposto
da realidade
julgo,julgo
rostos curiosos
me ignoram
ignorantes sem cuidados
me percebem
o tanto, o quanto
o zero
tantos dias descansados
no abismo
tantos sonhos descascados
no suspiro
o susto, o pranto
o grito
tantos dias descansados
no abismo
tantos sonhos descascados
no suspiro
o susto, o pranto
o grito
felicidade não é resposta
é remédio.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Tem um silencio em mim
Tem um silêncio em mim, pronto pra gritar. Eu digo “doutor,
tem alguma coisa estranha aqui.” Faz um barulho forte, que estala os ouvidos.
Faz Tum-tum Tum-tum. Mas na verdade é só o reflexo de um silencio, e disso eu
sei. Ele diz que não. Eles dizem, rindo, que não. Mas eles estão me enganando,
se enganando acreditando que conseguem me enganar. E antes que me julguem,
achando-me cínico, esclareço que tento esclarecer seu engano. E aí então uns me
olham com olhar longo e rosto virado, sorriso pequenininho no canto da boca,
como aquelas crianças de olhos grandes que faziam propaganda de iogurte, e me
dizem que não, que estou errado, que não é um silencio, nem um barulho, que é
algo bonito que tem dentro de mim e eu digo que não de novo e eles dizem que
mesmo que eu negue, será assim.
Não tem problema. Mesmo que me acusem de cinismo, eu sei que
não sou. Porque tentei, e não foram poucas vezes, os avisar. Eles que insistem
em insistir em tentar me convencer. Mas eles querem me enganar, e disso eu sei.
O por que? O porque eu não sei, mas querem. Sim, também acho um tanto estranho
e por isso um dia conversei com um rapaz bem magrinho que dizia que tinha um
outro moço que ia me ajudar, e que um dia ele ia, vejam essa, brotar no meu
silencio. Eu achei bem engraçado, porque ele disse que deveria ter amor ao
silencio e eu perguntei como amo algo que não fala e ele disse, fala sim senhor
é só ouvir.
Eu dei foi um chega pra lá, porque de maluco já basta todo
esse povo que quer me enganar. Então vem o doutor todo de branco, e eu pergunto
se ele não gosta de azul verde amarelo rosa e violeta e ele ri, deve ser porque
não gosta ou porque não sabe combinar cores, coitado. Aí eu disse que era pra
ele não se preocupar, porque tinha um primo meu que era assim também, se vestia
só de verde limão que era pra não ter trabalho, era bem inteligente esse meu
primo, e todo mundo respeitava, por isso disse que era pro doutor não se
preocupar. Então ele riu, porque ficou feliz que eu falei isso pra ele, e tirou
alguma coisa metálica de uma mesma maletinha que ele sempre carrega junto e
disse “vamos ver esse barulho aí.”
Então eu corrigi. “Não é barulho não, doutor, é silencio.
Faz ‘tum-tum’ mas é silencio.” Acho que ele nem ouviu porque colocou aquilo no
meu peito e apertou os olhinhos bem apertado assim como se quisesse escutar
alguma coisa. Mas eu disse “aí só tem silencio não tem barulho não senhor.” Mas
ele nem ligou, continuou mexendo na maletinha dele e eu só não mando embora
porque ele gosta da minha companhia, acho que nem amigos têm, é bem sozinho vem
aqui me ver quase todos os dias da semana e traz sempre aquela malinha coitado,
que nem coisa que presta deve ter.
Às vezes o silencio da um pulo, como fosse pra me convencer
que consegue falar. Eu abro os olhos assim, meio arregalado pra ver se consigo
escutar. Mas não tem nada não. Aí dizem que eu to errado, que é pra ficar
parado, se não alguma coisa vai pular. Como é mesmo que eles dizem, pular pela
boca, não, saltar pela boca. Então eu acho graça e respondo logo que se fosse
pra sair alguma coisa, era preciso antes estar lá.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Estorvo
Silêncio!
Silêncio que o tempo passa comigo, e a estrada é longa pra quem vê.
Vem cigana, vem ler a minha mão. Que o destino está traçado
em seus traços, nada errado.
É que nada está escrito
sou arquiteto do momento
alegria do menino.
A questão são os bosques coloridos
e a dança que acompanha a melodia
Deixa tudo que for dor para trás
que o tempo passou
e agora
o vento trás.
Ai, meu bem
a energia cósmica flutua
de outro canto, um encanto
do futuro.
Não há limite, não há espaço
sou só eu que desenho
meu esboço.
Batam palmas, cantem outras
que a visão
logo, logo
vira estorvo.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Nó
Alguma coisa acende. Não necessita nem de apitar.
É como o tato, a tábua. Tem motivo para estar lá.
Um nó no bocejo, um não na garganta. E sei lá.
Sei lá de que vale, pra onde vai. Sei lá onde foi.
E acontece. Desdobra-se como todas as coisas
Tímidas que habitam o mundo.
Engole-se como todas as coisas secas
Que habitam a sede. Descobrem-se.
Como verão que esfria a noite
E depois melhora. Como beijo que
Começa frio, e depois se cobre.
Como camaleões reumáticos que traduzem tudo.
Mas pode falar. Ás vezes é bom ter um tic-tac
No olhar. Olhar como quem vê o tempo passar.
Balela, mentira. O tempo não passa.
O tempo engasga.
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