Arte pra mim é o que acolhe e joga no mundo. Que faz do
todo, seu minuto.
Aquele momento, em que mais nada existe, apenas um passo, um
grito, palavra.
Arte que me faz arte e também artista, que acalenta com seu
choro, e consola-se em si mesma em seu infinito rio de lágrimas.
Não digo exatamente que é o que me conserta, mas é o que faz
de meu desconcerto, algo harmônico.
E o que era angustia vira livro e suspiro. Desconcerto-me,
desconcentro-me do mundo e de toda matéria real, tudo vira pulso, momento
pulsante, respiração e batimento cardíaco não são mais o que eram,
Quando caminhavam discretos
No asfalto, matéria antiga
Meus pés querem matéria viva
Como essas que compõe os sonhos. Mundo romântico de quem
ama, todo artista de verdade já sofreu por amor. E quem não?
Sendo o que é, não passa então de uma reciclagem, de mente
pra corpo, pra tudo e pra arte.
Como pode, nesta seqüência de letras, de notas, neste
cambalear certo onde caminham os movimentos
Como pode conter uma emoção liquidificada, sentimentos
lubrificados pelo entardecer ou nascer do sol
Lua não é só lua
Dor não é só dor
Amor? É todo o resto!
Arte, companheira, amante, deita comigo na cama, desperta em
mim toda a vida
Esquece o asfalto
Minha matéria prima
É o palco.
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