sábado, 3 de agosto de 2013

Galope

Depois de encarar a vida com tanto fogo nos olhos, ar de sobrevivente e teoria de principiante, depois que o mundo surge com suas traças e urge com suas garras, não há desilusão que não se resolva. Fera felina essa Terra que gira, fazendo de mim uma dama na dança das ilusões perdidas.

Ah, tanta poética.

Pra simplificar o óbvio que se disfarça. Mas não há problema algum, pulo da janela da alma para as letras que se mastigam em mim mesma. Todo o ar é minha convicção, e se um dia crescer, chorarei em luto eterno, dançarei sobre este caixão revestido de mágoa e tralha.

E de toda conspiração, essa revolução inconsciente que movimenta nossas pernas em direção ao explicável, tudo faz sentido, tudo parece tão claro e espiritual, que é quase um rito.

Meias verdades que me consomem são fantasias mal colocadas, máscaras usadas e descartadas dos bailes que dancei outrora, bailes vívidos de viúvas de si mesmas que já se amaram.

Um compasso único é o que me movimenta, vou guardar um tesouro de letras, vou acumular uma riqueza de momentos e brindar com cicuta minhas revelações ancestrais.

Ah, esse mundo que sorri. Mundo, meu criador ou criação minha?

Sei, que de tantos, confesso, que, portanto, viver é a maior sentença.

Estamos por fim, condenados.
A voar sobre as rédeas da vida. 

Um comentário:

Mário de Oliveira disse...

"dama na dança das ilusões perdidas" curti isso.

Você sempre ótima! parabéns!