terça-feira, 12 de julho de 2011

Amarelinha,

Não faz tanto tempo para aqueles que já viveram muito,
mas lembro perfeitamente da sensação de entrar naquela livraria.
Sensação é pouco, lembro do cheiro, das luzes, das cores.
Talvez em uma espécie de castidade literária, fosse só aquela
que eu visitava. O dono, percebendo o fascínio em meu olhar,
falava compactuando com minha sina:
"olha lá, chegou a tracinha!"
E não sem razão, devorava todos os livros com os olhos
para poder corrigir a injustiça de só poder sair de lá com um.
Eram tantos, me apaixonei perdidamente pelas letras e
pela arte. Conheci Picasso, Chagall, Michelangelo. Não é por acaso,
os carrego comigo até hoje, talvez de maneira não tão sincera como
o faria uma criança.
Sei que os primeiros são irreparáveis, primeiros beijos, primeiros
passos. Qualquer que sejam seus traços, trágicos, cômicos ou
românticos, estarão pra sempre marcados em nossa história.
E não é por menos, dados os passos que a vida levou, que
lembrarei pra sempre da minha primeira livraria.

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