domingo, 27 de novembro de 2011
Primavera celeste
Comemorarei a primavera no céu,
e buscarei nos poetas colo para me deitar. De chão em chão, algum passo há de pisar cores amargas, nostalgia
nem suspense, claridade, rebeldia.
O que busco não está
nos postes, nos deuses, nos tratos
está nos transes, nos ritmos, nos cálices.
De balão, um só helicóptero vai me salvar
aquele que leva pro alto
pro nada
pra algum lugar.
Pois se houvesse uma só lógica!
E mil preposições iriam faltar,
mas a grama engole outro enredo
aquele que o medo não quis
nem quer calar.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Tostão
Semana que vem ela está indo morar na Europa, arruma os últimos detalhes, toda convicta, descabelada e lamenta-se por deixar o rapazinho por aqui. Tão jovem, talentosa, vivida, esbanja e floresce tanta energia que mal parece ter sido criada por mim. Talvez sejam frutos de sua mãe, talvez apenas reflexos da vida. E eu permaneço onde estou, percebo-me invariavelmente cansado. Dizem que depois que os filhos crescem, a missão foi cumprida. Então me canso, de cumprir missões, de dar bom dia para o porteiro, de checar mensagens no celular e na caixa do correio. Canso-me de conversar formalmente com minha ex-mulher, simpática, sorridente, segurando sacolas novas que abrigam corpo antigo.
Pois não digo nada, corre-se o risco de me sugerirem viagens, aventuras. Difícil dizer que delas também já cansei, feitas ao quadrado, complexas e desnecessárias anos atrás, com tradições e risadas excessivas. Todos riem tanto, aos montes e sabe-se lá de que. Quem sabe, seja essa mania incondicional, de agradecer por ser jovem e viver. Ainda resta vida!
Talvez, até em mim.
Mas repito que cansei. Cansei do pessoal camarada do trabalho e da quantia exata que entra na minha conta todo mês, das locadoras, porque são duas, e do teatro que costuma lotar as quintas. Esses gritos de diversão na madrugada, as propostas indecentes, mal boladas. Esse todo, esse tudo, esse nada!
E de tão quase, resta o instante, tão depressa, calculado. Ah, mas canso e não há lugar! Nem a praia, os jogadores de volei, os hippes, ciclistas, corredores, patinadores, skatistas, todos insistentemente existindo. Não, não penso em me matar. Antes que dominadores, fatalistas, venham me falar. Nem quero abraços, palavras de apoio. O que quero, sei lá! Não preciso querer, não preciso falar. O jornal chega de manhã, o cachorro do vizinho late, aproximadamente cinco minutos antes do despertador tocar. A empregada chega "fiz um café quentinho, doutor". Eu não sou doutor, Marilene, eu não sou doutor.
Agora tem mais dois comprimidos que o doutor mandou tomar e uma garota nova, chegou no trabalho e insiste em me olhar. Sabe-se lá.
Pois não digo nada, corre-se o risco de me sugerirem viagens, aventuras. Difícil dizer que delas também já cansei, feitas ao quadrado, complexas e desnecessárias anos atrás, com tradições e risadas excessivas. Todos riem tanto, aos montes e sabe-se lá de que. Quem sabe, seja essa mania incondicional, de agradecer por ser jovem e viver. Ainda resta vida!
Talvez, até em mim.
Mas repito que cansei. Cansei do pessoal camarada do trabalho e da quantia exata que entra na minha conta todo mês, das locadoras, porque são duas, e do teatro que costuma lotar as quintas. Esses gritos de diversão na madrugada, as propostas indecentes, mal boladas. Esse todo, esse tudo, esse nada!
E de tão quase, resta o instante, tão depressa, calculado. Ah, mas canso e não há lugar! Nem a praia, os jogadores de volei, os hippes, ciclistas, corredores, patinadores, skatistas, todos insistentemente existindo. Não, não penso em me matar. Antes que dominadores, fatalistas, venham me falar. Nem quero abraços, palavras de apoio. O que quero, sei lá! Não preciso querer, não preciso falar. O jornal chega de manhã, o cachorro do vizinho late, aproximadamente cinco minutos antes do despertador tocar. A empregada chega "fiz um café quentinho, doutor". Eu não sou doutor, Marilene, eu não sou doutor.
Agora tem mais dois comprimidos que o doutor mandou tomar e uma garota nova, chegou no trabalho e insiste em me olhar. Sabe-se lá.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Grunhido
Muitas vezes
e por quase nada
penso que um dia foi
Mas hoje, feliz, cansada
hesito em dispersar
meu saber.
Que sabe, mas disfarça
esquecer
e então penso, mas não entendo
o que foi aquilo, o que foi você.
Será simples, como um triste fim
ou discreto, total e incerto
como a reviravolta de um filme
feito pra mim.
Mas é, porque apenas é
e o foi, o que sem aspas tinha que ser
Sem dúvidas, razões, nem por que
aconteceu
e delirante, incerta, modesta
não faz tanto tempo
e já deixei de crer.
e por quase nada
penso que um dia foi
Mas hoje, feliz, cansada
hesito em dispersar
meu saber.
Que sabe, mas disfarça
esquecer
e então penso, mas não entendo
o que foi aquilo, o que foi você.
Será simples, como um triste fim
ou discreto, total e incerto
como a reviravolta de um filme
feito pra mim.
Mas é, porque apenas é
e o foi, o que sem aspas tinha que ser
Sem dúvidas, razões, nem por que
aconteceu
e delirante, incerta, modesta
não faz tanto tempo
e já deixei de crer.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Suspenso
Parecia um sonho
e se parecia
o era
como nesse agora
outra primavera
e se me balançar sem discurso
nas palavras
vivendo dia
soltando o nada
De reflexo vem a sombra do sol
voando na imensidão
que me desloca
Suspiro! Um grito! Dois sinais
Olha o todo respirando
mais um trago
o céu brilha
e vai guiando.
e se parecia
o era
como nesse agora
outra primavera
e se me balançar sem discurso
nas palavras
vivendo dia
soltando o nada
De reflexo vem a sombra do sol
voando na imensidão
que me desloca
Suspiro! Um grito! Dois sinais
Olha o todo respirando
mais um trago
o céu brilha
e vai guiando.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Nosso mundo
O mundo despertou antes de mim
e perplexo, suspenso
deu-me a mão para levantar.
Ainda bamba, com calma simples
que se acalma a criança
suspirei um sonho pra tentar acordar
E de súbito enxerguei a vida
rosa, azul, amarela
de partida
Então parti-me em dois pedaços
dois braços
dois tudo
Era o simples
e a contradição
o recheio, a intencionalidade
a imensidão.
Ah, mas era quase tudo!
Esse meu
nosso mundo.
domingo, 6 de novembro de 2011
Está tudo acontecendo
E não há como não libertar-se
em um corpo ainda cansado
a sensação de ir mais longe, no mesmo lugar
noites viram meu dia
pois de que importa
sequência, analogia!
Aqui tudo é vivido
com a imensidão
e a lucidez de um sonho.
Um sonho tantas vezes mal,
que lhe acorda do sono
e lhe faz chorar.
Mas de tantas vezes,
por que não e sem negar
resgata do lugar insatisfeito
contínuo, linear
que o mundo resiste
em se auto denominar.
E de nada mais importa
o dia passa, as estrelas morrem
com as lágrimas
mas em algum lugar, perdido na estrada
fica a certeza de voltar.
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