sexta-feira, 30 de março de 2012
Reflexo
domingo, 25 de março de 2012
Aham
sexta-feira, 23 de março de 2012
Vai, mundo!
depois me beije, me de a mão
anda, mundo!
Tire-me do marasmo contínuo
de ser
Esqueça-me por um segundo
pra poder lembrar
chore por alguns momentos
pra poder chorar
vai, mundo!
Me repreenda por persistir
nesta insanidade tremenda
que é existir
Limpe o imundo
da reflexão
coloque-me no fluxo contínuo da contradição
Mas vem, anda
aquece esse todo que me sustenta
eu só lhe peço, mundo
me surpreenda...
quarta-feira, 21 de março de 2012
Crença
segunda-feira, 19 de março de 2012
Es-crescido
Não ao viver, ao olhar. E se cresceu, tempo que também vem comigo, me cresceu também?
Em que escala da escada dos antigos, permaneci refém?
E me calo. Não falo. Só olho, reparo, de longe, desconfiando. Aceitando numa confabulação passiva do vento. Do tempo. Que tanto voa que até esqueço. O dia que não vivi.
Mas viverei. E então olharão para mim e dirão:
“As pessoas crescem. Aflorando seus encantos e desencantos. E me assusto.
Não ao viver, ao olhar. E se cresceu, tempo que também vem comigo, me cresceu também?
Em que escala da escada dos antigos, permaneci refém?
E me calo. Não falo. Só olho, reparo, de longe, desconfiando. Aceitando numa confabulação passiva do vento. Do tempo. Que tanto voa que até esqueço. O dia que não vivi.”
sexta-feira, 16 de março de 2012
Amargo
Antes o destino quisesse e seria simples, passo de uma reconstrução. Mas dizia-se amargo, inconstante, surreal. Não fumava fazia tempos, meses até. Conservava um isqueiro no bolso, talvez por apego ou solidariedade.
E dizia “Foda-se”, com fogo na alma e lágrima nos olhos. Enfatizava: “Que se foda.”
O mundo sorri pra mim, me faz invisível também.
Era sempre um barco, num embargo navegável, manifestação do acaso, causada e construída. O que revela, revela-se, revelava-se.
Mas tem tradução? Tem sugestão? Sugestão de onde cuspir esse amargo que estraga, mofa, desnorteia o pensar. Posso cuspir no mundo? Em um segundo, talvez.
Não posso. Segura. Inspira e não solta. Nem que.
Antes acumulava, mas agora, aonde jogo? Aonde jogo o amargo?
Numa máquina de fabricar palavras comedidas instruídas aceitáveis. Assim mesmo. Cru, sem vírgula. Ou tentado.
E criaria uma fabricação qualquer de instantes e palavras, só pra de longe, nem repleto, nem tentado, alcançar a liberdade. Construir com soneto, repugnâncias e melodias, um “até amanhã” desentendido. Um vulgar refletido. Um que passou reconstruído.
Pois de tantas peças, quebradas, unidas, inacabadamente me perfumo. E presumo.
Mas aonde jogo?
Não o jogo. O amargo.
segunda-feira, 12 de março de 2012
sem-poética-sentimental
esse 'talvez' que morre entre os meios
esse sol que descansa o mês de maio
esses 'todos' que sem sujeito
tornam-se tudo.
Mas de cara, o que tinha
eram os dedos cansados
de colocar em palavras toda uma vida
A música que me salvava nos onibus lotados
a ilusão, o retorno
maya, maya
conserta a postura, olha pros lados
descansa, respira, alinha os chakras.
Disso eu não cansava. Mas tinha um milhão
de luzes que ás vezes cegavam
então vinha tudo aquilo, todos aqueles
que não tinham nome nem porque
todo o resto, todo o tudo
e eu procurava.
Até meio sem razão.
Mas procurava.