Antes o destino quisesse e seria simples, passo de uma reconstrução. Mas dizia-se amargo, inconstante, surreal. Não fumava fazia tempos, meses até. Conservava um isqueiro no bolso, talvez por apego ou solidariedade.
E dizia “Foda-se”, com fogo na alma e lágrima nos olhos. Enfatizava: “Que se foda.”
O mundo sorri pra mim, me faz invisível também.
Era sempre um barco, num embargo navegável, manifestação do acaso, causada e construída. O que revela, revela-se, revelava-se.
Mas tem tradução? Tem sugestão? Sugestão de onde cuspir esse amargo que estraga, mofa, desnorteia o pensar. Posso cuspir no mundo? Em um segundo, talvez.
Não posso. Segura. Inspira e não solta. Nem que.
Antes acumulava, mas agora, aonde jogo? Aonde jogo o amargo?
Numa máquina de fabricar palavras comedidas instruídas aceitáveis. Assim mesmo. Cru, sem vírgula. Ou tentado.
E criaria uma fabricação qualquer de instantes e palavras, só pra de longe, nem repleto, nem tentado, alcançar a liberdade. Construir com soneto, repugnâncias e melodias, um “até amanhã” desentendido. Um vulgar refletido. Um que passou reconstruído.
Pois de tantas peças, quebradas, unidas, inacabadamente me perfumo. E presumo.
Mas aonde jogo?
Não o jogo. O amargo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário