terça-feira, 9 de junho de 2009

Relatório de uma mente perturbada.

Acordo assustada. O sentimento ainda sem nome definido onde o paciente não sabe dizer se sonha ou se vive me invade novamente. Mais calma para controlar o desespero frequente. Ótimo caso para ser avaliado por "mediuns" ou psiquiatras. E de fato já foi.
Vou até a cozinha, menos pelo gosto e mais pela superstição. Superstição por superstição, vai que da certo. Meu pai me disse uma vez pra sempre comer alguma coisa quando acordar caso isso acontecesse novamente.
Ligo para minha mãe. Faltam pouquíssimas páginas para terminar meu caso com Sofia. O mundo de Sofia, obrigado no currículo escolar de meus filhos. Se é que se pode chamar sabedoria de escola. Minha mãe atende e não me escuta. Ligo de novo. Ela abre a porta:
- Mãe é você?
Comprou ração para a Tetê, minha espécie não racional que serve de companhia de vez em quando. Tem que dar comida pro cachorro. Entrei na internet, falei com meu pai. Antes que a resposta viesse ele some. Ou fui eu que sumi?
Toca o telefone:
- Não, não é um sonho. Pode ficar tranquila.
Ficarei. Um cara na janela em frente sentado. A blusa dele é verde e agora ele não está mais lá. Mas esteve o tempo todo. O tempo todo que pensei estar sonhando, ele estava lá.
Não vamos julgar as culpas. Minha mãe não entende nada. Mas eu tento ensinar alguma coisa. Talvez ela já tenha caído na armadilha.
Não caiam! Não caiam na armadilha!
Podemos estar sonhando e sonhar quando vivemos, podemos não existir e criar tudo que vemos. Podemos ser criação, podemos ousar tentação. Podemos ser o que foi ou não ter nada depois.
Pode até ser o que é, e isso me frustra demais. Mas não vamos perder o poder de enxergar além do que se vê, nem perder o medo banal de perguntar ou ver para crer.
Vamos ousar fingir que sabemos, ou ao menos disfarçar a ignorância absoluta.
Antes questionar as verdades existentes do que se conformar com perguntas frequentes.

Um comentário:

Soso Paskin disse...

Antes questionar as verdades existentes do que se conformar com perguntas frequentes.
genial, kika. voce e um genio!