domingo, 26 de agosto de 2012

Ponteiro

Ontem
perseguia-me
colado, grudava em mim
junto a cama em que me deito
todas as noites
em que a luz ao cansar-se
afoga meus pensamentos
para um canto escuro que vive
e mesmo
vívido
se faz vítima
Carrega consigo
todos os sorrisos que já
sorri
e o faz em cada dobra
um pouco menos inocente
mesmo encarando insistente
essa mania de se fazer feliz
Busca e combate uma essência
será que foge
ou ainda minha
devagar constrói
e multiplica
ideias, canções, gritos, personagens
intensifica emoções
faz de poesia
imagens
mas traz consigo também a morte
que se mescla vida
e vira tão subtraída
a ponto de parar.
Por isso um registro
algo que surge
algo que marca
o instante que foge
traz uns tão pra longe
que a mão estende
o coração entende
mas o tempo não alcança
nem há de tentar.

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