terça-feira, 31 de maio de 2011

Crença

Como retrato, essa delicadeza
que vira promessa tão indefesa
como de criança que mal sabe tentar.
Mas serei inverno de noites frias
e coração que aquece o mundo
nas expressões cortadas de dias tristes
Porque acreditar
é sutil como os momentos
tão ternos, violentos
meu sol é o que sou
e tudo que fui
por aprender a amar.
Se desenbaraço, me descabelo
se me torturo ou me desespero
serão recordações de tudo que cativa
eu creio em todos
é só
o amor que tenho
que ainda duvida.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

manhã de inverno


Lá em cima, no telhado
há um anjo transvestido

ele diz que ainda é cedo para amar
e joga sinuca com os pés.
"Olhe bem", dizia rindo

a escravidão busca o escravo!

Mas não havia solidão, não havia intensidade

era só sabor de um tempo doce.

O anjo andava nu

e se envergonhava dos homens velhos


benevolência é satisfação rara.

Raridade, veja minha idade
sou feliz e não nasci.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Somos o que somos
as bacantes em busca de prazer
os doutorandos em busca de saber
aprimorado
é o errado
porque nunca há de ser
Ei, presente
ser contente
é ópio de ser
Mas você
não há como não rir
é você! Ou sou eu?
Divida-me, divida-me!!!!!!!!!!!!!

Doze vezes

Pois digo a você
que diz que conhece a arte
com palavras antigas e contrariadas
porque são essas as palavras erradas
Minha expressão não é calculista
ah, você
no que quer que invista
não responde aos desejos recentes
de pular e ver versos como presentes
O que é sujo nesse mundo de contradições?
O amor de um gato, que com sete vidas
tem amor na despedida, do contrariado
mas seja o que tenha nas vontades
não há sentido, meu amigo
sua questão não tem razão
porque nossa arte é inventada
está nos olhos
em vistas erradas.

domingo, 22 de maio de 2011

Ei, mundo.

Ei, mundo.
Venha com calma, pois ainda sou jovem
e não desisti do amor.
Ei, mundo.
Seja terno comigo e me peça coragem
pra chorar quando for preciso
aprender a rir das desgraças da vida.
Ei, mundo
Me ensine a andar em passos lentos
e depois de chegar aonde devo
que permaneça fiel a lembranças boas
mesmo que meu presente seja antigo
Ei, mundo.
Me de amigos. E momentos. E vontades.
Ofereça-me tristezas para poetizar
e alegrias para dividir. Seja grande
como eu sou, perto daqueles que me desprezam.
Mas me ensine, mundo, a dizer que foi necessário
cada passo, cada harmonia desestruturada
pra fazer nem que seja uma canção,
ou quem sabe, uma poesia.
Mundo, me mostre a arte
e então posso fechar os olhos em paz.

O terceiro dia

Não, não vá assim tão rápido
porque a lua é cheia
e a música ainda não tocou.
Se não é céu, tudo vira imensidão
e então, e então?
Por que chorar pelos rios desalmados
de lágrimas dos tempos errados
que lavaram sangue e não solidão
Por que é escuro esse mar azul
de bravura que transforma o tempo
esse baile jovem que ri de quem dança
Previsão do que passou
é só até aí que se chega
ou todo resto, o inverso já chegou?

sábado, 21 de maio de 2011

Pierrot


Onde me escondo? Onde me encontro?

Há um túnel, ele é enorme

pierrots bailam por seus canos

e de medo fogem meus enganos

Onde me encontro? Onde me escondo?

Os gritos são tão altos

são abafados por minuciosas

sugestões.

terça-feira, 17 de maio de 2011


Eis vontade majestosa
essa reflexão vil da escravidão
não é austeridade do destino
nem exatidão do acaso
é regra, de qualquer descaso.
Vou fingir com dois copos na mão
que um é de meu filho, outro de meu irmão
e quem irá rir de minha desgraça
não tem totalidade, nem audácia
só mera transpiração.
Mas por que bancar o veloz das flores
se na beleza não há relutância nem orvalho
ser tão longe nem defeito é
só resposta a um delírio
o da maré, o da maré.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O quase.

Ficou pra trás
foi avisado que era história
mas eu quis ver filosofia
ê vida mansa,
que sem ousadia ou amor
fala que quase virou fotografia.
Se nem foto, nem verdade
chegou a ter
só de triste é o veneno antigo
a pergunta que não se responde
é resposta a tudo
é sacrifício ao nada.
Mas as lágrimas que molharam
o corpo tão sozinho e quantificado
já secaram e viraram restos
o preço é vazio e baixo
é o quase que nunca chega
a lugar algum.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Cinzas de rosas

Como a coisa mais bonita,
apareceram seus olhos em minha vista
e depois de trancar o passado
minha história fez presente
e cinema
e estrada.
Mas a nossa canção está em cada beijo de partida
e nas esperas dolorosas
de uma noite, qualquer vontade escondida.
Se me decepciono, com seu abraço me apaixono
pelo romance mais descarado que você já criou
chega a ser comum
essa irrealidade fictícia
de um amor que nem começou.
O mar testemunha qualquer acorde
e antes que eu desperte de um sonho programado
vejo que você já saiu e ainda está comigo
numa idealização um tanto poética
da manifestação de nós dois.

Ponto fraco


Meu lugar ao sol
se não encontrar, eu invento

e se não der certo, insisto e de novo
tento.
Essa poesia lavada

que me persegue
me fala
que o amor ainda não acabou
Como não rir da coitada,
ela é sozinha, desesperada!

E tenta me convencer
da paixão
que eu mesma criei.

Puro exagero, esse ponto fraco
a minha loucura não quer lá nem dó
eu continuo criando
meu lugar ao sol.

domingo, 8 de maio de 2011

Lá em cima,

Tão difícil de catar
no chão dos desesperados
esses que nunca foram amados
e não conhecem a perda de tentar.
Por qual covardia se incrimina
e você, jovem menina
que ainda sorri
onde estão seus presentes?
Minha intuição
segue a estrada dos indecisos
que procuram constelações
antes de esbarrar no céu.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Anatomia.


A gente olha de relance e estranha.
Ás vezes chora, ás vezes ri.

Mas que surpresa, deixou de existir!

E essa vontade, masoquista eterna

de fazer renascer o sentir.

Outrora sorrio

e digo que sim, aprendi.

Essa vontade tola,

descrente em si
verdade baixa que já não confia

e eu fico rente ao coração
olhando e o passando de mão em mão até despedaçar o restante
de tudo aquilo que não passou.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O restante

O que desencadeia minha cadeia
um aprisionamento comum
onde o mar delirante das ideias
faz de cada onda uma angustia diferente.
Minhas tristezas dariam um livro
e meus livros uma certeza
quem são eles, que me acompanham
quem são elas, que já me detestam
oh, semblante dos medos!
Onde me encontro,
onde me esqueço?
São tão simples esses traços...
queria eu conseguir alcançar o mistério da saudade.

domingo, 1 de maio de 2011

Vamos dar um nó no tempo
viver o que o passado condenou
condenar o que a vida já passou.
Com qual canção, com qual canção...
Dá vontade de dar um mergulho mágico
dentre um segundo trágico
de um presente que se eternizou.