domingo, 15 de março de 2009

Retrato deplorável de minha infância



Pelo fim nostálgico lembro da alegria das crianças naquele fim de tarde, onde a noite se fazia feroz para os que não tem medo.
A poesia fazia falta na tristeza e poderia mais tarde ser lembrada pelo corpo de um adulto, ou de um criança que fingia ter a feminidade de alguém atingido pelo tempo.
Mas a lembrança, nunca esquecerei aquelas vozes tão distantes, aquela alegria insuportável que até hoje me atinge por saber que é algo simples, puro, notável e contagiantemente deplorável.
Não sei se é isso que guardarei da infância, um olhar isolado de quem não sabia dançar ou uma visão triste de quem nunca achou graça em tentar.
É esse silêncio, culpa de quem o interrompe. O dever de interromper o silêncio é meu.
Só meu.
Seria capaz de
de
de
de fazer
o que nunca pensei em fazer,
ou criar,
o que nunca pensei em criar
só para acabar com aquele frio momentâneo que nenhum agasalho soube aquecer.


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