quarta-feira, 22 de abril de 2009

Entre elevadores e devaneios...


Num desses devaneios peculiares de pensamentos inúteis e repentinos, me veio um na contra partida do original:

"e aí, dou ou não dou tchau?"


Vamos analisar a seguinte situação,
você em um momento de alívio chega em seu prédio, abre a porta de seu elevador e num quase gesto forçado de solidariedade, segura a porta para seu vizinho. Desconsiderando cenas ao estilo 'vou não vou, entro ou não entro, sorrio de lado ou mantenho a séria compostura' , ele provavelmente irá entrar e agradecer tal gesto de humildade.


Parece simples, não?


Mas comigo é um pouco diferente, e caso você não seja meu vizinho, irei confessar agora mesmo o que acontece.
Dentro do elevador sofro uma pequena e curiosa tortura que dura cerca de quatro andares, durante esse gigantesco intervalo de tempo, desconsidero questões políticas e filosóficas e só fico a me perguntar se "dou ou não dou tchau"
É claro que vez ou outra a vida resolve ser bonita e o vizinho desce antes de mim. Porém, caros moradores, isso é raro de acontecer. E eu, eu que pago o pato.


3º andar. Chegou o momento da decisão final e considerando todas as questões e divagações ocorridas durante a subida de uma (ou várias) cordas puxando uma máquina que comporta geralmente 10 pessoas no máximo, chego a conclusão de que é melhor seguir meu instinto e deixar a espontaneidade me levar.


"Tchau", digo baixinho.

"Tchau", responde o passageiro de maneira simpática.


E ambos continuam suas vidas com a sensação de serem ótimos vizinhos.


Porém hoje me ocorreu a pergunta que mudou a minha maneira de ver o mundo (ou o prédio).

"Por que dar tchau?"

Se ao menos houvesse um diálogo, um diálogo sequer! Sobre o mar, o tempo, o Rock, o Lula!
Mesmo se fosse sobre o Lula faria sentido, mas sabe, não faz.


Então hoje decidi que a solução é me entregar a antipatia a responder sempre a mim mesma:

"Não Kika, você não vai dar tchau".


Com isso sairei do elevador com a péssima impressão de ser uma vizinha lastimável, mas com a bela e esperançosa certeza de ser uma pessoa livre. E falo isso com o auge do meu romantismo.


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