domingo, 21 de março de 2010

Um motivo a mais.

Surpreendo-me com o barulho do ventilador e me questiono se foi ele que aumentou ou eu que só o percebi agora. Pretendo me despedir o mais cedo que der e sei que ela vai querer dar uma festa, vai falar que tempo longe é tempo eterno e que a saudade é a fronteira mais distantes. Aquela gringalhada vai aparecer, o convidado de honra vai faltar e a vontade que eu tenho é de subir pro quarto o mais rápido possível.
O que me alegra são as crianças, não que eu brinque muito com elas ou faça tão pouca festa quanto faço pra cachorros. Mas tenho que admitir que os olhares infantis são admiráveis. Olhares que não aprenderam a mentir.
A mala está pronta uma semana antes e o meu chefe acha que já viajei. A música parece um pouco mais calma e as pessoas começam a agir como se eu já não estivesse mais lá. Olho para um antigo livro de biologia e percebo que dentro daquela enorme casa tão bem decorada, este é um objeto que apesar de nunca ter tido um contato mais próximo, sempre reparei.
Antes de sair de casa me despeço com um abraço daquele pessoal que nunca gostou de você, mas que quando você está de partida começa a reconhecer o quanto você é uma pessoa admirável. Que vá pro inferno, você e a sua percepção do que é admirável.
Dou um beijo nela e peço pra esperar minha ligação. Vou ligar assim que chegar pra poder dizer quando volto. Sei que ela não vai dormir, vai atender tão afoita qualquer ligação e quando ouvir minha voz e perceber que vou demorar, vai deitar e descansar feliz. Fui eu que disse ' isso não é tempo que se espera, é tempo que se aceita.'

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