sábado, 8 de setembro de 2012

Subsistência

Minha subsistência 
quebra todas as máquinas da cidade
e parece impermeável 
a medida que cresce
Ela bebe o vinho estragado
e brinda duas vezes ao rei do Baco
que é pra não correr o risco 
de brindar errado
E busca o riso do que
foi trágico
A beleza no que não tem mais
cor
O transe da subsistência
nunca desenvolve no momento
errado
pois não há momento
e não existe errado
É tudo ao mesmo tempo
O canal que grita e absorve
quando vê o controle
se esconde
controle de fala
engasga remoto
engole moeda
e sufoca
Minha subsistência não é
produção nem vitrine
é vivencia e poesia
Respiração ofegante
arte e artimanha selvagem
que assopra e destrói o
moinho
esse que gira manso
e ninguém percebe
esse que atropela meu caminho
Deduzo então que minha subsistência
troca de nome
Mas mantém uma força,
uma essência
é a entrega da noite num salto
é soltar os demônios no
palco
O resto é pequeno e inútil
transitório. sarnento. ilusório
Tão subtraído que já vejo de
novo
Tão repetitivo que cabe no
bolso.

Um comentário:

Isabela Escher Rebelo disse...

Poderosos versos! Estive no último "Corujão da Poesia" do Humaitá, e me lembro de você recitando esse poema.
Se quiser, será muito bem-vinda no meu blog "Tessitum", que surgiu há apenas alguns dias.

http://tessitum.wordpress.com/

Parabéns!

Isabela Escher Rebelo