Um dia você vai acordar e eu vou estar na Índia, brincando
de Gandhi, praticando meus mudras e convencendo o mundo a andar de mãos dadas.
Estarei acariciando hortaliças e plantando leões, estudando constelações, lendo
cartas, inventando destinos, viajando em qualquer lugar que se mova, movendo-me
em qualquer movimento que flui. No palco, no chão, passarela, posso aprender a
nadar e virar campeã mundial de surf, praticar snowboard, virar guru, posso
falir uma empresa, descobrir a estrada da terra do nunca, guerrear com piratas,
jogar dardos nas águas, ter três filhos, três tombos, três calças. Posso ter
dois, quatro, seis amores, viver de poesia, voltar aos anos 60, me casar com
Jimi Hendrix. Posso virar estressada, violenta, julgar coisas depressa demais,
voar voos rasos,perder o foco, olhar de novo pra trás. Afogar-me em mágoas e
copos de vodka, parar de fumar, de amar de comer, dar um salto do alto do Himalaia,
tirar fotos destorcidas e premiadas, pintar o corpo, mudar o rosto, trocar de
nome. Quem sabe brincar com o fogo e fugir com o circo, me arranhar com solos
de guitarra, se conformar com o mundo, acreditar em pecado, no certo, no errado.
Tanto faz o que foi e o que vem.
A vida pra mim é um fluxo.
A única proibição é parar.
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