terça-feira, 2 de novembro de 2010

Na companhia das letras.

O maior erro da minha vida foi executado logo em seu início. Primórdio de erro
e concepção.
Nasci durante o dia e insisto que foi por isso que chorei. Ingênuos os médicos, fotos e família. Pensam que por circunstancias efémeras e naturais, derrubei algumas lágrimas.
Hoje, adulta por lei e sociedade, concederia-me o direito de gozar da noite em sua total plenitude, não há trabalho que me caia melhor do que a escrita. Não me interpretem mal, jamais afirmarei que executo tal oficio com tanta excelência que qualquer outra atividade permaneceria obsoleta em minhas mãos.
Apenas creio que excluindo o amor e a culinária, a noite não me concederia
prazer tão intenso como a companhia das letras.
O silêncio noturno, quebrado por um bater de asas de quem não conhece o dia ou por um choro ingênuo de quem ainda não descobriu a vida. Confesso que me derreto em versos quando a noite sopra um vento frio, não gélido, não quente. Apenas frio o suficiente para que me faça presente a solidão.
E hoje, quando percebo a presença de uma única e perdida estrela dentre a imensidão noturna, não me entristeço. Sei que somos partidas, partilhamos algo no infinito.
Talvez um segredo, talvez uma esperança.

Um comentário:

Sonja Paskin disse...

confesso que gosto do dia, mas ha coisas que só fazem sentido quando o sol vai embora. Nada pessoal com a bela estrela, é só que a lua foi, desde sempre, meu maior amante.