quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Primaveras

Eu vejo todo esse mundo olhando pra mim
Como quem olha pra uma flor que desabrocha ou para uma planta que nasce
E pergunto quem foi que plantou esse jardim
Esse que hoje persiste em mim
E não sei mais o que faço com tantos sorrisos
E olhares que me engolem em seus rios
E suspiros que não me buscam nem mastigam
Então desprendo-me de mim mesma
Numa dança cósmica que me leva
Aonde vou chegar, parece tão irrelevante
Posto que hoje sou
Posto que hoje grito
Posto que hoje danço
E invento histórias
E balanço
Posto que hoje ainda me admiro com flores
E acredito nos anjos das crianças
Que sussurram seus pedidos antes de dormir
E essa primavera tão repleta vem chegando
Saga de tantos amores e poetas
E eu, aqui, sem amor e sem poeta
E com tantos amores e poetas
Sequer descubro minha flor predileta
Mas ainda danço
E invento  histórias
E por incrível que se mostre, balanço em balanços impróprios
(pois os seguranças dos parques não conhecem minha criança
enxergam uma pessoa grande, coitados!)
E ainda vibro com tantas coisas
Que ainda me ponho viva
E essa primavera assopra sempre mais uma vela
E velas tornam-se velhas primaveras
Primas, amigas
Primeira de tantas, devo a elas
Mais uma
Outras muitas

Primaveras. 

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